Além dos outros casos referidos neste dossier, como o dos offshores nas ilhas britânicas, ou do Luxemburgo, que promoveu um acordo com umas centenas de multinacionais para organizarem através da sua jurisdição um esquema de pagamento de imposto reduzido, outro caso de uma economia europeia que funciona como um paraíso fiscal é o da Holanda.
Como se verifica no gráfico, a Holanda tornou-se a principal origem do investimento direto estrangeiro em Portugal, mais do que a Espanha ou o Reino Unido, com os quais a nossa economia tem uma relação intensa, e isto acontece por um único facto: trata-se de empresas que beneficiam de um regime fiscal favorável e que, por isso, registam naquele país as suas operações.
Investimento direto estrangeiro em Portugal por origem, 2008-2019Fonte: INE
Deste modo, a Holanda prejudica as receitas fiscais de outros países europeus e obtém com isso uma vantagem, uma pequena taxa de IRC paga por empresas que não têm operações naquele país e que, assim, não teriam que pagar à Holanda, mas, em contrapartida, teriam que pagar a outros estados.
A maioria das empresas portuguesas do PSI-20 deslocou a sua sede para a Holanda para beneficiar deste regime e reduzir os seus impostos.