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Desobedoc 2017 - Mostra de Cinema Insubmisso - 28 de abril a 1 de maio, no Porto
A quarta edição do Desobedoc começa dia 28 de abril, no Cinema Batalha no Porto.
Na apresentação do programa (disponível em anexo) com quarenta filmes, dos quais treze são portugueses, José Soeiro falou primeiro dos efeitos que o DesobeDoc teve já na vida da cidade. "Quando começámos a fazer o Desobdoc", afirmou o deputado do Bloco,"não havia cinemas abertos no centro da cidade. Começámos por reabir o Trindade para fazer esta mostra de cinema durante dois anos. Depois, decidimos fazer o Desobedoc no Cinema Batalha, um cinema que estava fechado também. Agora sabemos que o Cinema Batalha vai reabrir também." Dado o efeito que o Desobedoc tem na regeneração da cidade, "teremos de ver qual o cinema que queremos ver reaberto para lá fazer a próxima edição do Desobedoc."
Este ano, a mostra abre da mesma forma que em 1947 o Cinema Batalha foi aberto, com o "Douro Faina Fluvial", de Manoel de Oliveira. A apresentação do filme será seguida de um debate público sobre "o que queremos para o Cinema Batalha", onde "pretendemos que, para além da própria questão de saber se o cinema deve ou não estar aberto queremos que se discute que cinema e que atividades devem ser programadas para o espaço. Queremos que a cidade participe na recuperação do Batalha." Por isso, todas as sessões serão seguidas de debate público com a presença, por exemplo, dos estivadores de Lisboa e Porto para a discussão de The Flickering Flame.
Esta edição do DesobeDoc tem quatro linhas essenciais:
- o Direito à Cidade - o direito à habitação é uma questão que vem sendo cada vez mais colocada, um tema que tem suscitado muita produção cinematográfica. Duas estreias que importa destacar dedicadas a este tema: Ada for Mayor, sobre a fundadora da Plataforma pelo Direito à Habitação que foi eleita presidente da câmara de Barcelona; e Cerca de tu casa, um musical que aborda a forma como o direito à habitação é comprometido pelas lógicas de mercado. Uma homenagem às vítimas da austeridade e às vítimas dos despejos.
- Homenagem ao Ken Loach: com destaque para "Eu, Daniel Blake", o Desobedoc aborda a longa carreira de Ken Loach trazendo vários filmes antigos e recentes que não tinham ainda sido projetados na cidade do Porto.
- 100 anos da Revolução Russa: "sobre as esperanças que suscitou, sobre as contradições que foram inerentes e à derrota e a forma como foi consumida e derrotada pelo poder da burocracia soviética", José Soeiro destaca neste ciclo o Felicidade, de Medvekine.
- um conjunto de filmes sobre a precariedade e o trabalho, seja sobre os precários de Paris [On ira à Neuilly Incha'Allah] ou dos "homens-placa" do Brasil [Pessoa Coisa Cidade Torre].
Também novidade desta edição são as quatro extensões da Mostra, que se irá extender para Famalicão, Coimbra, Torres Vedras e Viseu ao longo de 2017. Algo que, para José Soeiro, "confirma o sucesso do Desobedoc".
Catarina Martins relembrou a capacidade da "cultura e criação artística para transformar as histórias de cada um em luta coletiva. Uma mãe desempregada, doente, a confrontar-se com serviços sociais que escorraçavam as pessoas que mais precisavam de ajuda, ao reconhecer aquela mãe de «Eu, Daniel Blake» com os filhos que não tinham de comer, reconhecem-se também a si próprios naquela situação e sentem-se acompanhadas na sua luta. A Cultura tem essa capacidade de criar resistência, de nos fazer menos sozinhos e de projetar aquilo que queremos do mundo. É por isso que uma vida cultural ativa é sempre um perigo para quem quer sociedades mais pequenas e poderes mais absolutos."
João Semedo considerou a apresentação do Desobedoc uma "boa razão para dizer duas palavras sobre o Porto. A primeira é salvaguarda da defesa da identidade da cidade. Hoje há um triângulo que impõem o seu ritmo e a dinâmica de transformação da cidade. Esse triângulo tem os seus vértices nas imobiliárias, no turismo e nas construtoras. Isso hoje marca a cidade, com algumas vantagens mas também muitas desvatagens. Essa controvérias estabelece-se sempre entre a identidade e a modernidade. Estou certo que o Alexandre Alves Costa e o projeto de recuperação do Cinema Batalha vão mostrar que não há nenhuma contradição. Podemos perfeitamente melhorar a cidade melhorando, conservando e preservando a sua identidade."
"A segunda palvra tem a ver com a forma de intervir nos problemas da cidade. Uma forma que devolva a palavra e decisão às pessoas. Vamos fazer o segundo Desobdoc no Batalha e hoje já sabemos que o Batalha vai ser recuperado", concluiu.
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