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Bayer compra Monsanto

Farmacêutica comprou multinacional produtora de sementes geneticamente modificadas e de pesticidas, entre os quais o glifosato. Grupo resultante será o maior do ramo e representará um desastre para a nutrição global.
Logotipos da Monsanto e da Bayer.
Bayer comprou a Monsanto, fotomontagem de Sustainable Pulse.

A empresa farmacêutica Bayer anunciou em setembro que comprou a Monsanto, a controversa multinacional e produtora de sementes geneticamente modificadas e de pesticidas (entre os quais, o glifosato) por 59 mil milhões de euros. Esta foi, até agora, a compra mais cara jamais feita por um grupo alemão.

Esta junção, classificada pela rede Global Justice Now como um "desastre para o sistema alimentar global", resultará no maior grupo de sementes e pesticidas do mundo, com um volume anual de negócios de 24.9 mil milhões de euros e com quase 140 mil trabalhadores. Em comunicado, a Bayer declara que "a trasação junta duas atividades diferentes, mas muito complementares". A fusão será completada até ao final de 2017 e, segundo o jornal belga La Libre, as empresas esperam aumentar o seu lucro bruto em 1.34 mil milhões de euros ao fim de três anos.

A junção entre a Bayer e a Monsanto criará gigante inigualado no ramo, com um  volume anual de negócios muito superior ao criado por anteriores fusões (por exemplo, a junção entre a Syngenta e a ChemChina equivale a 14.17 mil milhões de euros e entre a Dupont e a Dow Chemical a 13.98 mil milhões de euros). Juntas, a Bayer e a Monsanto controlam cerca de 25% do mercado mundial de pesticidas e de 30% das vendas de sementes agrícolas (geneticamente modificadas e convencionais). Tendo em conta apenas as plantas transgénicas, as duas empresas juntas detêm o monopólio, com mais de 90% da produção mundial.

Inúmeras associações e grupos ecologistas e de defesa dos consumidores manifestaram-se contra a fusão, que terá impacto a nível mundial. Doravante, elementos chave da cadeia alimentar estarão nas mãos de um só grupo, os preços irão aumentar e a diversidade de oferta irá diminuir, além da provável continuação da utilização de manipulações genéticas com dramáticos efeitos secundários para todo o ecossistema e para os próprios humanos.

Aisha Dodwell, da Global Justice Now afirmou na altura que "estamos a caminhar para uma situação em que o nosso sistema de alimentação global é controlado por muito poucas entidades empresariais gigantes que terão total controlo sobre a nossa comida - o que comemos e como é cultivada". "São péssimas notícias para agricultores e consumidores de todo o mundo. Já sabemos que estes agro-negócios usam técnicas agressivas para aumentar a sua margem de mercado e aumentar o lucro e não atuam no melhor interesse dos pequenos agricultores, da saúde pública ou do ambiente. A luta para recuperar o nosso sistema alimentar e por alternativas como a soberania alimentar, é agora mais importante que nunca" apela Aisha Dodwell.

Em outubro, decorreu em Haia o Tribunal Monsanto, que teve como objetivo dar visibilidade mundial às vítimas dos produtos e da má conduta ética da Monsanto e organizar a luta futura contra a mesma. O encontro contou com a participação de pessoas de todo o mundo e de movimentos como a fá referida Global Justice Now, a Coordination Against Bayer, ASeed-Europa, Cooperativa Sin Fronteiras, Navdanya, entre outras. De Portugal estiveram presentes o GAIA Portugal, a Rede Círculos de Sementes, o Porto pelo Ambiente, a Plataforma Transgénicos Fora e a Plataforma contra o TTIP.

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Neste dossier:

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