Depois de negar por várias vezes a audição de ex-responsáveis do BPN, eis que o PS muda de posição e já admite chamar Dias Loureiro ao Parlamento. O ex-ministro de Cavaco Silva está em maus lençóis depois de António Marta, ex-governador do Banco de Portugal, ter desmentido a suas afirmações. Francisco Louçã classifica de "trapalhada" o volte-face do Partido Socialista e quer ver apurada toda a verdade na Comissão de Inquérito.
"Registamos com surpresa o 'volte-face' absoluto do PS. Não queria ouvir ninguém a não ser o procurador-geral da República, que é a única pessoa que não pode falar sobre nada, porque conduz a investigação. Não quis ouvir Dias Loureiro, agora terá de o ouvir na comissão de inquérito. É uma trapalhada", afirmou à Lusa Francisco Louçã.
O coordenador da comissão política do BE quer ver apuradas todas as responsabilidades do Banco de Portugal no caso BPN. Mas não só: "não pense o PSD, o PS ou o CDS que quem cometeu delitos ou crimes ou ocultou a realidade das contas, ou falsificou dados ou comprou bancos clandestinamente ou fez operações ilegais em 'offshores' vai ser poupado", sublinhou.
"Toda a verdade tem que ser sabida sobre estes comportamentos financeiros que são fraudulentos e inaceitáveis e que significam, no caso do BPN, uma perda para o Estado de cerca de mil milhões de euros", acrescentou Louçã. "É o imposto de cada português que está a financiar aquilo que ainda não sabemos quem fez, porquê e quanto ganhou com isso", concluiu.
Antes do volte-face do Partido Socialista, António Marta, ex-governador do Banco de Portugal, desmentiu as declarações de Dias Loureiro à televisão, em que o ex-ministro de Cavaco afirmava ter pedido ao banco central para vigiar a actividade do Banco Português de Negócios. António Marta acusa Loureiro de lhe ter perguntado "porque é que o Banco de Portugal andava tão em cima do BPN". Em declarações à imprensa neste sábado de manhã, Francisco Louçã reafirmou que Dias Loureiro devia abandonar o Conselho de Estado.
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