Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

O paradoxo da direita nas eleições é: se fica no terreno Centeno está perdida, se terça armas pela “classe média alta” fica isolada e se resvala para o populismo é desprezada.

Na próxima sexta-feira muitos jovens em todo o mundo desencadearão a segunda greve climática para se baterem pelas medidas de emergência que possam enfrentar o desastre.

Não se pode ter tudo, gastar mais e cobrar menos. É preciso fazer escolhas. O PSD não parece querer dizer o que prefere, mas isso é demasiado sério.

Sempre que ouvir que uma questão é “demasiado séria” e requer uma união nacional, registe por favor que nada vai ser feito pelos demasiadistas para resolver o problema.

As contas do PS demonstram que não haverá aumento relevante para a função pública, que algumas prestações sociais serão reduzidas, não se sabe como, que o programa de habitação não tem dinheiro suficiente e que o investimento público continuará medíocre.

Costa não cumprirá sequer um quarto do objetivo que anuncia no programa eleitoral, por mais pomposa que seja a promessa de “erradicação de todas as carências” habitacionais até à última badalada do 50.º aniversário do 25 de Abril.

Fica a alternativa belga, que merece atenção e respeito: é não haver nenhum governo durante ano e meio, não consta que o país se tenha afundado, até está em primeiro lugar no ranking da FIFA e se não é isso que importa então não sei o que conta para a história.

Se a estratégia do urso de peluche resultar, os custos sociais serão profundos, em particular nos riscos de desagregação sindical. Se é isto que fica da entrevista é outro sinal de alarme.

Tratar o PCP, deste modo, como um urso de peluche, é um insulto. E quem o faz sabe que é um insulto. Mais, é mesmo uma forma de agressividade que pretende agir no debate interno daquele partido.

Cientista e ativista político do Brasil, militou no POC, uma organização revolucionária e clandestina e esteve depois na fundação do PT. Escreveu recentemente um livro sobre “Bloco de Esquerda e Podemos: dois experimentos de organização na nova esquerda europeia” (2016). Vai fazer falta. Por Francisco Louçã.