Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

Em Espanha (e não será assim em Portugal?), todos os acordos parlamentares são possíveis, desde que não ponham em causa o monopólio continuista do poder.

Greenspan, que deixou a Reserva Federal dois anos antes do colapso do subprime, reconheceu mais tarde no Congresso dos EUA o desastre e os erros.

As soluções devem ser duras. Reduzir a procura, começar por encerrar os vistos gold. Aumentar a oferta, fechando muito alojamento local.

Se o Governo continuar a querer fazer os grandes relatórios e os brilharetes e não se dedicar às pequenas coisas, bem pode esperar pelo dia em que alguém olhará para trás.

Há que simplesmente tratar Ventura como o que ele é, ou seja, como faria Natália Correia, notando que se trata de um emproado que quer fazer carreira deitando lama para todo o lado e que só vale 1% do eleitorado.

Antes de se atirar contra alguma frase venturista ou de levantar a sua indignação contra o que ele vai fazer todos os dias, pergunte-se como diria Natália Correia, que poema leria ou que imagem apreciaria.

Nas negociações ensaiadas na quarta-feira e fechadas na quinta-feira à noite, ficou-se a saber que o governo não quer maioria, quer jogo político.

A menos que queira concretizar o que o primeiro-ministro sugeriu misteriosamente, uma crise política programada para daqui a dois anos, o novo Governo terá de contribuir para entendimentos sólidos sobre as questões mais difíceis que ficaram fora da agenda do mandato anterior.

A haver negociações entre o PS e a esquerda, há três dossiês que ficaram por completar: o do SNS, o da lei de bases da habitação e o dos cuidadores informais.

Quando dentro de meses ou anos olharmos para trás e avaliarmos o que se passou nesta semana, notaremos que houve uma viragem na forma de fazer política pelas direitas e que o PS ficou preso no seu labirinto.