Em Espanha (e não será assim em Portugal?), todos os acordos parlamentares são possíveis, desde que não ponham em causa o monopólio continuista do poder.
Se o Governo continuar a querer fazer os grandes relatórios e os brilharetes e não se dedicar às pequenas coisas, bem pode esperar pelo dia em que alguém olhará para trás.
Há que simplesmente tratar Ventura como o que ele é, ou seja, como faria Natália Correia, notando que se trata de um emproado que quer fazer carreira deitando lama para todo o lado e que só vale 1% do eleitorado.
Antes de se atirar contra alguma frase venturista ou de levantar a sua indignação contra o que ele vai fazer todos os dias, pergunte-se como diria Natália Correia, que poema leria ou que imagem apreciaria.
A menos que queira concretizar o que o primeiro-ministro sugeriu misteriosamente, uma crise política programada para daqui a dois anos, o novo Governo terá de contribuir para entendimentos sólidos sobre as questões mais difíceis que ficaram fora da agenda do mandato anterior.
A haver negociações entre o PS e a esquerda, há três dossiês que ficaram por completar: o do SNS, o da lei de bases da habitação e o dos cuidadores informais.
Quando dentro de meses ou anos olharmos para trás e avaliarmos o que se passou nesta semana, notaremos que houve uma viragem na forma de fazer política pelas direitas e que o PS ficou preso no seu labirinto.