António Lima

António Lima

Deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia Regional dos Açores e Coordenador regional do Bloco/Açores

A uma empresa portuguesa que venda um prego aos militares dos EUA nas Lajes é exigido que ela assuma que não cumpre a lei, a Constituição da República Portuguesa e os mais básicos direitos humanos. O que dizem agora as autoridades portuguesas? Até agora apenas silêncio.

Privatizar o que resta do controle público e democrático de setores estratégicos é acabar de entregar os Açores a uma elite económica que há muito tenta afastar o controle democrático dos setores estratégicos da economia regional.

É por isso difícil de compreender o anúncio por parte da Secretária Regional da Educação de que o regulamento de concurso de pessoal docente irá ser revisto para prever, no futuro, o regresso da obrigatoriedade de permanência à “força” numa escola, desta vez por 5 anos.

A criação de projetos piloto de adesão voluntária, como o Bloco propõe nos Açores, terá o efeito de demonstrar o realismo da semana de quatro dias e a levar a que mais trabalhadores o reivindiquem e a que mais setores económicos embarquem nesse avanço.

Os motivos da cobiça de Trump sobre a Gronelândia – posição geoestratégica e recursos naturais com potencial de exploração – também se aplicam aos Açores, incluindo os recursos minerais que, no nosso caso, estão no mar profundo e não sob o gelo.

A direita abdica de princípios para manter o poder, mas também porque acha que é assim que trava o crescimento da extrema-direita. Se olhassem para o que acontece por esse mundo fora, perceberiam que estão apenas a validar a sua política e a transformarem-se numa cópia desta.

Quem vive nos Açores é obrigado a ter carro próprio se quiser trabalhar. Isso ou ficar à mercê de horários e rotas anacrónicas que há décadas não servem, a preços astronómicos. 

Em freguesias urbanas de Ponta Delgada, como São José, ultrapassa os 7% e nas Furnas os 13%. Estes números são alarmantes e indicam uma tendência preocupante de transformação de habitações familiares clássicas em alojamentos temporários para turistas.

A situação financeira da região explica-se essencialmente por dois fatores: pelas opções políticas dos governos regionais e pela atual lei de finanças regionais. O Bloco irá apresentar na AR a alteração à lei que Bolieiro pediu e Montenegro ignorou. Esperamos que o PSD/Açores seja coerente.

Está na hora de defender o interesse público e lutar por uma verdadeira transição climática. Isso só se faz garantindo que o preço a pagar pela EDA pelo fuelóleo seja justo e totalmente aceite pelo regulador.