O governo regional lançou um plano para privatizar a maioria das principais empresas públicas regionais, que se somam aos processos de privatização da SATA Internacional e da maior parte da SATA Air Açores.
As empresas que agora o governo pretende também privatizar são, na sua maioria, monopólios ou empresas que gerem setores estratégicos e serviços públicos essenciais.
A Portos dos Açores gere os portos da região, um setor estratégico; a Atlanticoline realiza o transporte marítimo de passageiros ao abrigo de um contrato público com a região, sendo subsidiada para realizar esse serviço.
A Lotaçor gere as lotas da região e serviços nos portos de pesca e é um monopólio, assim como os matadouros, integrados no Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas.
O governo regional da coligação PSD/CDS/PPM pretende privatizar todas estas empresas e outras.
O Teatro Micaelense, por exemplo, desempenha um papel na promoção da cultura e na criação de públicos. A sua privatização é reveladora do desprezo pela cultura que tem o governo regional
Para quê servem estas privatizações? Que problemas pretendem resolver?
O Presidente do Governo Regional tentou justificá-las com uma suposta concorrência que essas empresas fizessem a privados. Mas qual concorrência e quais privados? Que concorrência há nos portos, nas lotas, no transporte marítimo de passageiros, nos matadouros? Nenhuma!
O objetivo é criar monopólios privados que vivem de rendas garantidas pelo Estado, através de subsidiação, ou do controle de áreas chave da economia. É seguir o exemplo da privatização da ANA Aeroportos que não foi mais do que a privatização de um monopólio público.
Já temos uma economia com vários dos seus setores chave dominados por poucos grupos económicos.
Privatizar o que resta do controle público e democrático de setores estratégicos é acabar de entregar os Açores a uma elite económica que há muito tenta afastar o controle democrático dos setores estratégicos da economia regional.
Nenhuma destas privatizações resolve qualquer problema da região. A crise da habitação, os problemas da saúde, a falta de pessoal na educação, os baixos salários e a desigualdade. O plano de privatizações é uma agenda ideológica neoliberal radical apoiada pela extrema-direita que, quando as grandes decisões surgem, está sempre ao lado de quem manda.
