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Visabeira pressiona trabalhadores a assinar declaração a recusar teletrabalho

Quem não assina receia represálias e assédio moral. Empresa foi alvo de denúncias em março por recusar recurso ao teletrabalho na primeira vaga da pandemia. Notícia publicada no Interior do Avesso.

Segundo denúncia recebida pelo Interior do Avesso, com a entrada de Viseu na lista dos concelhos em risco esta segunda-feira, dia 16, a Visabeira começou na semana passada a exercer pressão para que os trabalhadores dos escritórios do Palácio do Gelo continuassem a trabalhar no mesmo local, rejeitando o regime de teletrabalho, não por falta de meios técnicos, mas para “gerirem melhor o trabalho”.

No Palácio do Gelo encontram-se os escritórios dos serviços administrativos do Grupo Visabeira, SA; Viatel SA e Visabeira, SA. Na sexta-feira passada, segundo a fonte da denúncia, terão informado os funcionários destes escritórios de “que o teletrabalho seria obrigatório visto Viseu estar nos concelhos de risco, mas que «agradeciam» aos colaboradores virem trabalhar na mesma para os escritórios em vez de irem em teletrabalho.”

Esta segunda-feira, de um gabinete com mais de 100 pessoas, apenas 10 ficaram em teletrabalho, pois os restantes temem represálias. Aos que compareceram no local, foi entregue uma “declaração para assinarem em como assumiam a responsabilidade de estar a trabalhar nos escritórios.”

O decreto mencionado na declaração refere “especificamente que as empresas privadas não podem ter mais de 50 colaboradores no mesmo espaço”, sublinha a fonte. Denunciando ainda que apenas “na última semana se procedeu ao distanciamento de secretárias, tendo pelo menos 20 pessoas saído do gabinete em questão, porque surgiram 4 casos positivos”.

Por medo, os trabalhadores estão a assinar a declaração. “A empresa/chefes fazem assédio moral para convencerem os funcionários a irem trabalhar mas como não podem impedir então cumprem a lei e ameaçam com represálias. As pessoas que não obedecem não são despedidas, são colocadas em funções diferentes, colocam na «prateleira» e fazem pressão psicológica até a pessoa se demitir. Eles não querem despedir ninguém para não ficarem mal vistos.”

A situação não é nova, pois já durante a primeira vaga da pandemia foram inúmeras as denúncias sobre abusos laborais por parte da Visabeira. Já então se verificou a recusa do teletrabalho nestes escritórios, embora sem a declaração, alegando falta de condições técnicas e de equipamentos, o que neste momento já não se verifica, segundo a denúncia.

Notícia publicada no Interior do Avesso.

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