Trabalhadores da saúde do Algarve fazem greve na próxima quinta

01 de agosto 2025 - 10:17

Médicos, enfermeiros e restantes trabalhadores do SNS dizem-se exaustos e querem soluções para a falta de trabalhadores e degradação das condições de trabalho.

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ULS Algarve Faro
ULS Algarve Faro

Falta de trabalhadores e degradação das condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde são motivos que unem os trabalhadores da saúde do Algarve. Por isso, no próximo dia 7 de agosto, quinta-feira, médicos, enfermeiros e restantes trabalhadores do SNS vão fazer uma greve de 24 horas.

Sindicato dos Médicos da Zona Sul, Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Sul e das Regiões Autónomas juntaram-se numa conferência de imprensa conjunta para explicar em detalhe os seus motivos.

Pela parte dos médicos, André Gomes destacou a necessidade de mais médicos, mais enfermeiros, mais assistentes operacionais e técnicos na região. Para os fixar, instou o governo a tomar “medidas efetivas” “valorizando carreiras, salários e abrindo vagas carenciadas”.

O dirigente sindical diz ser “incompreensível” que o Algarve não tenha vagas carenciadas e afirma que, aí, o trabalho extraordinário “deixou de ser extraordinário e passou a ser trabalho do dia-a-dia”. E se o problema já se fez sentir no resto do ano, no verão, quando a população da região aumenta exponencial a situação agrava-se ainda mais.

Para além disso, recorda os problemas de habitação que afastam potenciais candidatos a vagas: “Quem é que pode suportar o preço de uma habitação no Algarve”, questiona.

Alda Pereira, do sindicato dos enfermeiros, contabiliza a falta de enfermeiros em 1.500. Também ela aborda o problema da habitação, explicando que há candidatos para os concursos de enfermagem mas estes não se conseguem manter na região devido a custo de vida: “eu venho viver para o Algarve, venho trabalhar para a ULS Algarve, quanto é que custa uma casa, quanto é que custa um quarto e quanto é que um enfermeiro ganha? Então o problema não é do número de vagas de concurso, na abertura de concurso, mas de condições”, interroga por seu turno.

A enfermeira exemplifica também com a “cerca de uma centena de enfermeiros que nesta ULS pediram escusa de responsabilidade, nas últimas semanas” para falar nas condições de trabalho. Para ela, isso quer dizer “que o Algarve está completamente exausto, que os enfermeiros e todos os outros profissionais estão esgotadíssimos”.

O mesmo quadro traça Rosa Franco, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Sul e das Regiões Autónomas. Explica que os concursos técnicos auxiliares de saúde têm ficado desertos. Mas, quando há pessoas que entram, ao “fim do segundo, terceiro turno despedem-se”. “A quantidade de serviço é tanta que os meus colegas auxiliares desistem, pura e simplesmente”. Muitos dos auxiliares fazem muitas vezes 16 horas de trabalho por dia, avança.