Programa do Bloco é o mais concreto para a neutralidade carbónica

04 de outubro 2019 - 16:49

Analise quantitativa aos programas dos partidos quanto ao objetivo da neutralidade carbónica concluiu que o Bloco é quem apresenta mais medidas concretas e calendarizadas para reduzir as emissões de CO2. Dados estão disponíveis em co2dospartidos.pt.

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Mapa de concentração de CO2 na troposfera, captado pelo detetor AIRS da sonda Aqua da NASA, julho de 2003. Imagem: AIRS/Flickr.
Mapa de concentração de CO2 na troposfera, captado pelo detetor AIRS da sonda Aqua da NASA, julho de 2003. Imagem: AIRS/Flickr.

O Bloco de Esquerda tem o programa mais concreto para a redução das emissões de CO2 segundo uma análise do sítio CO2 dos Partidos. O PS e o PAN têm programas com um maior número de propostas, mas mais vagas e indefinidas. O sítio fez uma análise quantitativa dos programas dos partidos quanto às medidas para reduzir as emissões de dióxido de carbono, que intitulou de Olimpíadas do Carbono.

O Roteiro da Neutralidade Carbónica (RNC) foi a referência para a análise. Trata-se de um documento elaborado em Portugal por um conjunto de especialistas em 2018, e adotado pelo governo, que aponta a neutralidade carbónica da economia portuguesa como objetivo para 2050. Ou seja, nesse ano a economia portuguesa deve ter emissões zero de CO2 em termos líquidos, o que significa reduzir enormemente as emissões atuais e contrabalançar as que ainda restem com medidas de absorção de CO2 (por exemplo, através de florestação). O RNC estabelece 96 metas para esse objetivo.

Em termos de quantidade de metas e medidas, os partidos mais prolixos são o PS e o PAN. Das 96 metas do RNC, o programa do PS é o que toca em mais dela (40), seguido do PAN (40), Bloco (30), CDS (21), PSD e CDU (ambos 19). Em termos de medidas alinhadas com o RNC, pois a uma meta do RNC podem corresponder várias medidas num programa, o PAN é o mais prolixo: o seu programa tem 142 medidas que tocam em 39 metas do RNC. Seguem-se o PS (92 medidas para 40 metas), Bloco (79 para 30), CDU (43 para 19), PSD (38 para 19) e CDS (36 para 21).

Mas acumular um grande número de medidas num programa político pode não passar um manifestação ilusória de intenções, se faltarem planos e calendário concretos para as aplicar. A análise considera como medidas concretas por exemplo o "encerramento de centrais a carvão até 2023", ou o "aumento da produção de energia solar em 20%". Já um "maior investimento em transportes públicos a eletricidade" é exemplo de uma medida vaga.

Imagem: co2dospartidos.pt.

Imagem: co2dospartidos.pt

No capítulo das medidas concretas, com objetivos quantificados e calendário definido, o programa do Bloco passa a primeiro por larga distância: 51% das 79 medidas que apresenta são concretas e calendarizadas. Em segundo lugar passa a estar o programa da CDU, com 14% de medidas concretas nas 43 que apresenta. Seguem-se o PS e o PAN, cujo grande número de propostas gerais não corresponde proporcionalmente a medidas concretas: 9% das 92 medidas do PS satisfazem este critério, e 8% das 142 medidas do PAN. O PSD fica em penúltimo, com 8% de 38 medidas. Em último lugar fica o CDS, cujo programa não concretiza nem calendariza nenhuma das 36 medidas que apresenta.

A análise divide-se em nove áreas mais específicas que podem ser consultadas em detalhe no sítio: energia, mobilidade, serviços, agricultura, florestas, residencial, indústria e resíduos.