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Os dirigentes do Governo são "os automatismos da senhora Merkel"

"Para a senhora Merkel, a vontade de 500 milhões de pessoas que vivem na União Europeia e que têm direito a manifestar a sua escolha, são automatismos. Para nós chama-se democracia e não se decide antes das eleições", afirmou Marisa Matias, referindo-se ao facto de Angela Merkel ter dito numa entrevista que a futura Comissão Europeia já está toda escolhida.
A Europa da austeridade é a que diz aos cidadãos e cidadãs da UE que não contam, que não podem decidir e que devem obedecer
Durante a iniciativa que contou com a participação musical de Carlos Mendes, que terminou a sua atuação ao som da Grândola Vila Morena, acompanhado em uníssono por todos os presentes, a cabeça de lista do Bloco adiantou que “a Europa da austeridade é a que diz aos cidadãos e cidadãs da UE que não contam, que não podem decidir e que devem obedecer”.
Marisa Matias apelidou ainda "os dirigentes deste Governo" como sendo "os automatismos da senhora Merkel".
"A menos de 100 horas" das europeias de domingo, a dirigente bloquista assinalou que "ninguém deu pela salvação do país da bancarrota". “Não há maior bancarrota do que a do BPN laranja. Essa é uma das bancarrotas que nós queremos combater”, garantiu.
"Nós não somos automatismos, somos pessoas com direitos, com dignidade. Iremos votar para dizer à senhora Merkel que aqui em Portugal, como, aliás, na União Europeia, a direita vai perder e vai perder por muito", até porque quem votou nesses partidos "não volta a cometer o mesmo erro”, destacou a dirigente bloquista.
Marisa Matias enumerou também aquelas que considera serem as razões pelas quais os eleitores de esquerda vão votar no Bloco: "A primeira é porque nós não temos dúvidas relativamente à austeridade, rejeitamos toda a austeridade. A segunda é porque - e esta lista que apresentamos é a prova disso - já fizemos e continuamos a fazer alianças e propostas que juntem todas as forças possíveis contra a austeridade".
"Já o fizemos no Partido da Esquerda Europeia, fazemo-lo quando apresentamos e apoiamos a candidatura de Alexis Tsipras, fazemos em cada momento que nos apresentamos como a força de esquerda contra a austeridade, que é internacionalista, plural e que tem alternativas", justificou, garantindo que o melhor voto no domingo é "na estrelinha com cabeça".
A candidata alertou ainda para os perigos da abstenção: “Se a abstenção e os votos nulos melhorassem a situação do país, Portugal já era há muito tempo um dos países mais ricos da Europa, assim uma espécie de Suécia com sol. A abstenção e os votos nulos são um prémio para quem baixou salários e aumentou impostos”.
"A abstenção joga e soma à direita"
O coordenador nacional do Bloco afirmou que "a direita já sabe que perdeu as eleições" e que até o ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de Sousa lhes deu a "extrema-unção".
"Anda aquela dupla, Rangel e Melo, meio escondidos, a fugir das pessoas. Parece mais um funeral do que uma campanha eleitoral, duas almas penadas, dois gatos pingados. E até não lhes faltou ontem a extrema-unção do professor Marcelo", descreveu.
João Semedo referiu-se ao comício onde participou o ex-líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, que chamaram "para ter nota máxima e afinal de contas acabaram os dois, um e outro, reprovados e chumbados".
"Porque nem foi preciso ao professor Marcelo esperar por domingo para lhes passar a certidão de óbito. Mesmo ontem, bastou-lhe olhar para aquela campanha para lhes decretar o seu enterro", avançou.
Quem não vota conta muito para a direita porque a abstenção não soma à esquerda. A abstenção joga e soma à direita
O dirigente bloquista alertou que "quem não vota conta muito para a direita porque a abstenção não soma à esquerda". "A abstenção joga e soma à direita", vincou.
João Semedo afirmou ainda que Assis e Rangel estão infetados pelo mesmo vírus, o vírus da austeridade, tendo, para além do mais, a vacina "fora de prazo". O coordenador do Bloco lembrou ainda que o PS continua sem explicar como é possível estar contra a austeridade imposta pelo PSD e defender o Tratado Orçamental.
“Foi o PS que ajoelhou perante a troika e foi a direita que aprofundou essa política”
“O risco principal que encaramos nestas eleições é a abstenção”, defendeu Fernando Rosas, avançando que a mesma tem três causas: “a gigantesca emigração que a política de austeridade deste Governo causou”; “o desinteresse, descrença e desmobilização no sistema político”; e “a ideia da inevitabilidade, de que tudo está decidido pelas altas instâncias e o povo comum não tem nada ao seu alcance que possa fazer para mudar esta situação”.
“A tendência para a abstenção repousa, portanto, numa ideia populista de que, nestas e nas outras eleições, afinal todos os partidos e todos os políticos e políticas são iguais e não conseguem e não querem resolver a situação em que o país se encontra”, avançou o dirigente bloquista, vincando que “esta é uma ideia falsa e perigosa”, a que “alguns grupelhos pululantes por aí e com pouca esperança de eleição não tiveram pejo de recorrer”.
Quem tem governado o país são três partidos, “numa espécie de monopólio rotativo que monopoliza o sistema político desde praticamente 1976"
“Os partidos, os políticas e as políticas não são as mesmas”, frisou Fernando Rosas, lembrando que desde o primeiro governo constitucional que quem governa o país são três partidos, “numa espécie de monopólio rotativo que monopoliza o sistema político desde praticamente 1976, sendo responsável por todas as principais medidas de estratégia que conduziram a esta situação: o PS, o PSD e depois o 'petit-chien' que vem atrás de um deles”.
“De que partidos vêm os políticos da corrupção no BCP e no BPN? Da promiscuidade entre o Governo e as empresas? De que partidos vêm os políticos da corrupção? Da razia e da desgraça da austeridade?”, questionou o historiador.
“Foi o PS que ajoelhou perante a troika. Foram os partidos da direita que desenvolveram e aprofundaram essa política. Esses partidos devem responder perante o povo nestas eleições e nas próximas”, defendeu Fernando Rosas.
“Há muito mais na Europa do que submissão à austeridade”
“Nunca como hoje foi preciso juntar tantas forças para este combate”, alertou a dirigente bloquista Joana Mortágua, denunciando o ataque à contratação coletiva e a criação de "um regime selvagem, em que os trabalhadores não têm defesa possível, sempre entalados entre o desemprego, a precariedade e os salários baixos".
O alvo da nossa denúncia é o arco da austeridade e do empobrecimento onde se aliam os principais partidos europeus
“A nossa desobediência tem um alvo muito concreto. O alvo da nossa denúncia é o arco da austeridade e do empobrecimento onde se aliam os principais partidos europeus”, avançou Joana Mortágua. “Foi a captura do poder político pela banca, pelos interesses do mercado financeiro que aproximou os partidos do centro num pacto selado com a assinatura do Tratado Orçamental. Por isso a nossa proposta de referendar o TO é um ato de insubmissão”, acrescentou.
“Há muito mais na Europa do que submissão à austeridade”, defendeu a dirigente do Bloco de Esquerda.
“Os reformados transformaram-se no alvo predileto deste Governo”
Os reformados viraram uma espécie de porquinho feito mealheiro onde o Estado vai buscar as patacas para colmatar o buraco da dívida
A candidata e ativista dos movimentos de reformados, Luísa Cabral, lembrou que, desde outubro de 2012 , os reformados “se transformaram no alvo predileto deste Governo de direita para obter receitas”. “Os reformados viraram uma espécie de porquinho feito mealheiro onde o Estado vai buscar as patacas para colmatar o buraco da dívida”, adiantou.
Luísa Cabral referiu que, “ao contrário da anunciada reforma do Estado, nunca feita, o porquinho é que tem perdido gorduras”.
“Entre a bojarda do 'Ai! Aguenta, aguenta!' e a calúnia de que andámos a viver acima das nossas possibilidades, o Governo entendeu que endireitava as contas públicas esmagando os 15% de reformados [com pensões acima dos mil euros] enquanto mantém reformas de miséria e salários mínimos abaixo do aceitável, congela salários na Função Pública, aumenta impostos diretos ou indiretos, e caminha alegre e irresponsavelmente para 1 milhão de desempregados”, afirmou a ativista.
“Os reformados não são descartáveis, foram usados sim, mas ainda não chegou a hora de serem deitados fora. Os reformados são pessoas, contam e não são dívida”, destacou a candidata.
Segundo Luísa Cabral, “reclamar o pleno emprego, promovendo uma divisão mais equitativa do trabalho existente, repor a semana de 35 horas, lutar por maior solidariedade social, é o único caminho”.
“Os reformados estão na luta não apenas porque lhes estão a ir ao bolso, mas porque ganharam a consciência de que a sua luta faz parte de uma luta que é mais vasta, que não conhece fronteiras e que em última análise se vai decidir na Europa. A luta pelo Estado Social”, rematou.
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