Marisa Matias será a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às europeias

15 de fevereiro 2014 - 13:59

Na abertura da II Conferência nacional, a coordenadora Catarina Martins anuncia a decisão da Mesa Nacional de apresentar a eurodeputada como primeira candidata da lista das eleições europeias, sublinhando que o Bloco se orgulha do trabalho de Miguel Portas, Marisa Matias e Alda Sousa no Parlamento Europeu.

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Eurodeputados do Bloco estiveram em todas as lutas, sublinha a coordenadora do Bloco. Fotografia de Paulete Matos

Na abertura da II Conferência Nacional do Bloco de Esquerda, reunida na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Catarina Martins marcou o arranque dos debates com uma curta intervenção política que culminou com o anúncio do nome que irá ser o rosto da lista do partido nas eleições europeias de maio: a eurodeputada Marisa Matias recandidata-se ao Parlamento Europeu, encabeçando a lista do Bloco de Esquerda. “Orgulhamo-nos do trabalho do Miguel Portas, da Marisa Matias e da Alda Sousa”, sublinhou a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, destacando o papel dos parlamentares bloquistas nas mais diversas áreas, da defesa dos direitos dos imigrantes à ecologia, do apoio à investigação ao debate do orçamento europeu, e da luta contra a austeridade. Catarina Martins enfatizou que os eurodeputados do Bloco “estiveram presentes em todas as lutas”, nunca hesitando em “enfrentar os poderes instituídos da finança”. “Não desistimos de defender Portugal, mas também não perdemos de vista a solidariedade internacional com os outros povos”, afirmou a coordenadora bloquista.

Liberdade de Pátio”

Referindo-se à discussão da chamada “saída da troika” e das modalidades de “saída limpa” ou com um programa cautelar, Catarina Martins evocou um conto do escritor Mário de Carvalho, “A Liberdade de Pátio”, para explicar a posição do Bloco. No conto, um prisioneiro queixa-se das péssimas condições em que vive, do colchão cheio de percevejos, da comida que é pão e água, da falta de papel e lápis para escrever; os carcereiros sempre lhe prometem melhorar as condições, mas tudo continua na mesma. Um dia, porém, anunciam-lhe uma mudança radical: a “liberdade de pátio”. Quando esse dia chega, o preso é levado ao pátio onde poderá caminhar durante uma hora entre os muros altos da mesma prisão. Nada mudou, mas dizem-lhe que há uma grande diferença, porque ele passou a gozar de uma liberdade. Levando essa metáfora para a realidade do Portugal de hoje, Catarina Martins mostrou como o que o governo oferece agora ao país é a “liberdade de pátio”.

“Continua o garrote do tratado orçamental, Passos Coelho promete mais 15 ou 20 anos da sangria do país”, mas quer que nos alegremos com a saída limpa, observou Catarina Martins, que não deixou de assinalar que o PS também entrou nesse debate viciado.

Denunciando a campanha de propaganda do governo sobre o “sucesso” da política da troika, a coordenadora bloquista comparou os números da crise entre 2011 e 2013, mostrando como o balanço da política da troika foi uma recessão maior, uma dívida pública maior, e um défice igual. Mas nesses anos o país sofreu a devastação do desemprego, dos cortes na saúde e educação, da população forçada asair do país para sobreviver. E prometeu luta para enfrentar os poderes da finança, através da renegociação da dívida, da rejeição do tratado orçamental, da luta para pôr fim à austeridade.

Os debates prosseguem até domingo, sobre dois temas: o trabalho de direção, organização de base e intervenção do partido nos problemas locais; e o Manifesto do Bloco de Esquerda para eleições europeias.