Está aqui
Manifestação em Luanda duramente reprimida pela polícia
Segundo o “Novo Jornal” (NJ), a polícia nacional de Angola, incluindo a Polícia de Intervenção Rápida (PIR) impediu, neste sábado, as pessoas de se manifestarem e de se dirigirem ao Largo 1º de Maio. Os agentes das forças de segurança carregaram sobre os manifestantes, com o apoio de brigadas caninas e unidades de cavalaria.
“Face à intransigência policial, grupos de manifestantes acabaram a apedrejar autocarros da TCUL [Transporte Colectivo Urbano de Luanda], estando pelo menos seis com vidros partidos”, refere o NJ, que acrescenta que a polícia lançou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar as pessoas.
A manifestação foi convocada pelo movimento revolucionário, pelo movimento para a cidadania, por organizações da sociedade civil e contou com o apoio de outros partidos, como o Bloco Democrático (secretariado da juventude) e a UNITA. Jovens manifestantes empunhavam cartazes com frases a exigir medidas para acabar com o desemprego.
Governadora faz ameaças nas televisões
Às 20h, a Governadora provincial de Luanda, Joana Lina, falou em direto para as televisões apelando “à defesa da paz” e garantindo “que episódios do passado não se vão repetir”. A governadora não explicou a que “episódios do passado” aludia, mas o NJ refere que “recordava os episódios sangrentos em Luanda envolvendo as forças do Estado e a UNITA após as eleições de 1992”. A ser verdadeira esta interpretação, trata-se de uma forte ameaça à sociedade civil e aos partidos políticos, à exceção do MPLA no poder. Joana Lina afirmou ainda que a manifestação era ilegal devido às disposições estabelecidas pelo decreto presidencial sobre as medidas de combate e controlo à pandemia da Covid-19.
“Grave comportamento institucional”
Na sua página no facebook, Filomeno Vieira Lopes, dirigente do Bloco Democrático de Angola, questiona: “afinal o que pretende o executivo?” Enuncia que, no dia 21, a Governadora fez saber que estava contra a manifestação; que no dia 22, a Policia Nacional acertou pormenores com os manifestantes (ver comunicado dos organizadores - https://www.facebook.com/francisco.lopes.370177/posts/4289065664453899); que, no dia 23, o Executivo anunciou o “agravamento das medidas de contenção proibindo ajuntamentos de qualquer natureza de mais de 5 pessoas (uma restrição às liberdades instituídas constitucionalmente, sem uma mínima discussão pelos representantes do povo)”.
E concluía: “Muito grave e malicioso este comportamento institucional!!!!!”
Deputado angolano agredido
Segundo a Lusa, o deputado e secretário provincial da UNITA em Luanda, Nelito Ekuikui, foi agredido pela polícia e denunciou que cerca de 40 jovens participantes no protesto foram detidos.
“Disseram que a manifestação não pode ocorrer porque viola o decreto presidencial [que atualiza a situação de calamidade pública e entrou em vigor hoje], mas estão a violar a Constituição”, afirmou o deputado da UNITA à Lusa, salientando que o decreto presidencial não contempla a suspensão de direitos como os de manifestação.
“Claramente, este decreto foi forjado para impedir a manifestação”, acusou Nelito Ekuikui, criticando a presença das forças armadas nas ruas de Luanda e aconselhando o Governo a recorrer ao diálogo porque os protestos “não vão parar”.
Segundo a Deutsche Welle, o presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, declarou que impedir a manifestação é "uma absoluta ilegalidade", já que foi aprovada em maio uma lei que "dá cobertura à situação de calamidade e não prevê que sejam suspensos os direitos fundamentais dos cidadãos, nomeadamente o direito à manifestação".
"Em circunstância alguma podem ser violados direitos constitucionais dos cidadãos. Para tal teria de haver um regresso ao estado de emergência", realçou.
O presidente da UNITA apelou ainda às pessoas para voltarem para casa, sublinhando que “não queremos confrontos e não queremos ninguém ferido", e salientando ainda que houve "movimentação de tanques na noite anterior e foram colocadas barreiras de polícias e militares para impedir movimentações nos bairros e nos acessos a Luanda".
"Isso não pode acabar bem", afirma Luaty Beirão
Na sua página no facebook, Luaty Beirão escreve: “Detidos confirmados que deverão ser levados a julgamento sumário na segunda-feira: Laura Macedo, Nelson Dibango, Nito Alves. Acho que há mais, mas não sei quantos nem as suas identidades.”
E denuncia: “Hoje em Viana: MPLA realizou uma "atividade" e, parece-me a mim, estarem aqui mais de 5 pessoas na via pública. Onde esteve a Polícia Nacional de Angola? Anh, claro, a deter cidadãos inferiores do outro lado da cidade”.
E Luaty Beirão conclui: “João Lourenço isso NÃO PODE ACABAR BEM!!!”
“Hoje em Viana: MPLA realizou uma "atividade" e, parece-me a mim, estarem aqui mais de 5 pessoas na via pública. Onde esteve a Polícia Nacional de Angola?”
Adicionar novo comentário