Livro sobre racismo quotidiano é publicado em Portugal

21 de maio 2019 - 14:58

“Memórias da Plantação. Episódios de racismo quotidiano”, de Grada Kilomba, é publicado esta quarta-feira em Portugal. A autora afirma que esta é “uma experiência coletiva, um trauma coletivo que depois se revela nestes episódios que fazem parte do livro”.

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De acordo com a agência Lusa, “Memórias da Plantação” é um livro “muito subjetivo e muito pessoal, escrito de uma forma muito lírica também”, que, através de histórias contadas por duas mulheres - uma afro-alemã e uma afro-americana que viviam em Berlim -, “consegue, de página a página, palavra a palavra, desmontar o privilégio branco”.

Grada Kilomba é uma portuguesa com raízes em São Tomé e Príncipe e Angola que tem feito investigação sobre género, raça, trauma e memória, no âmbito das problemáticas sobre o colonialismo e o pós-colonialismo no início do século passado.

À agência Lusa, a artista lembrou que neste momento há “muitas comunidades diferentes que estão concentradas com as questões do género, com a questão da sexualidade, da intersexualidade, do pós-colonialismo, da descolonização”, o que não acontecia há dez anos.

“Há um movimento que está a crescer e está a tornar-se consciente, que trabalha de uma forma muito interdisciplinar com as artes, com filme, com ativismo, com a literatura, com a academia”, afirmou.

O livro será resultado disto, já que aborda “a descolonização, toca nos estudos críticos da branquitude, nas questões de género, na psicanálise”.

“Sem moralizar, é um processo, que passa por cinco caminhos: negação, culpa, vergonha, reconhecimento e reparação – eu vou reparar a minha visão, vou reparar como olho para as coisas, eu vou comprar outros livros, vou ver outras exposições, eu vou reparar quem eu reconheço como alguém que tem conhecimento. O livro faz esse caminho, é um processo, é um passeio psicológico, quase metafísico”, afirmou à mesma agência.

A autora afirma ainda que, apesar de “o discurso sobre o corpo negro ser um discurso muito particular, que está muito ancorado à escravatura e à colonização”, e de a escravatura ser “uma história muito particular, experienciada pela população africana que foi escravizada”, esta é “uma experiência coletiva, um trauma coletivo que depois se revela nestes episódios que fazem parte do livro”.

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