Durante um mês, os funcionários judiciais têm estado a paralisar uma hora por dia, uma greve que teve já a consequência de suspender milhares de diligências, segundo afirma o Sindicato dos Funcionários Judiciais em comunicado.
Esta greve começou no passado dia 17 de maio e terminará a 17 de junho. No comunicado emitido esta segunda-feira, o SFJ contabiliza, só nos primeiros 13 dias do processo de luta, a suspensão ou interrupção de mais de duas mil diligências. Reivindica ainda “uma paralisação de 100%”.
Os trabalhadores explicam que têm realizado plenários durante o período de greve e acusam o Governo de falta de diálogo. Dizem que há mais de meio ano que o Ministério da Justiça “recusa receber os funcionários judiciais”, “quebra a palavra dada e faz letra morta do compromisso assumido em 2018, para rever o Estatuto (profissional), compromisso esse que foi vertido para os orçamentos do Estado de 2019 e 2021”.
O sindicato diz que a maioria dos trabalhadores, com 20 anos de carreira, ganha menos de mil euros. Queixam-se da “injustiça de um estatuto não aprovado, de uma carreira subvalorizada, de uma ausência inexplicável de respeito por quem administra a justiça em nome do povo e em nome da máquina que é o Governo”.
Em causa está ainda a redução dos quadros de chefia. O Ministério da Justiça cortou em 75% os secretários de justiça e em 25% os escrivães de direito e técnicos de justiça principais.
Citado neste comunicado, o presidente do sindicato, António Marçal, critica o silêncio do governo e diz que, assim sendo, a greve parcial vai “continuar e pode escalar”, prometendo usar “todos os meios” ao dispor do sindicato.