Durante a sessão de abertura do 11.º Congresso Nacional de Professores, o secretário geral da Fenprof, Mário Nogueira, afirmou que “já seria criminoso cortar na educação e no conjunto das funções sociais do Estado mais 4 mil milhões de euros”, recordando que os cortes vão rondar, na realidade, os seis mil milhões e que os professores "não o podem aceitar".
“Não podemos aceitar tal corte. Para proteger crimes de banqueiros, de diversos especuladores e até de alguns governantes, não podemos admitir que o Governo cometa os crimes sociais que comete e só há uma forma de o parar: demitir urgentemente este Governo, exigindo do Presidente da República a convocação de eleições antecipadas”, defendeu o dirigente sindical.
Reagindo ao anúncio, por parte de vários órgãos de comunicação social, do aumento das 35 para 40 horas semanais para os funcionários públicos, e lembrando que, numa reunião recente, Nuno Crato terá admitido que, afinal, a mobilidade especial também seria aplicada aos professores, mas que os horários de trabalho iriam manter-se nas 35 horas semanais, Mário Nogueira frisou que o ministro da Educação não tem condições para se manter em funções.
“Se isso acontecer, para que serve ter um ministro que não manda, que não governa, que não decide, que mente cada vez que fala porque a realidade imposta pelo Governo é diferente? Nós precisamos de quem governe a sério e com seriedade na Educação. Nós precisamos de quem saiba aquilo que vai fazer. Nós precisamos de outro ministro, de outra equipa ministerial, de gente séria à frente da Educação. Nós precisamos de um ministro da Educação para Portugal, que não temos”, referiu o secretário geral da Fenprof.
“Em tempos tão duros como os de hoje, ninguém tem o direito de ficar em silêncio”
“É tempo de dizer não. Não à degradação da escola pública. Não à mobilidade dos professores. Não a um país sem futuro. Como dizia Sophia de Mello Breyner: 'Perdoai-lhes, senhor, porque eles sabem o que fazem'”, afirmou o reitor da Universidade de Lisboa (UL), António Sampaio da Nóvoa, que participou no Congresso da Fenprof na qualidade de convidado especial.
“Em tempos tão duros como os de hoje, ninguém tem o direito de ficar em silêncio”, realçou António Nóvoa.
“Os economistas da inevitabilidade tudo têm tentado para nos obrigar a recuar”, acusou o reitor da UL, evocando as afirmações do primeiro ministro que afirmou que a gratuiticidade da escola obrigatória é um "direito" que “só existe na medida da possibilidade e se houver condições para isso”. “Se deixou de ser possível, temos de ver como é que o recuo é feito”, frisou Pedro Passos Coelho.
Reagindo a esta afirmação, António Nóvoa frisou que “não voltaremos atrás, porque não podemos prescindir de nada quanto à valorização da escola e dos professores, porque é aqui que estão as condições para um Portugal futuro que não seja apenas a repetição do Portugal passado”.