Fenómenos climáticos extremos obrigaram à deslocação de 40 milhões de crianças

06 de outubro 2023 - 17:30

Um relatório da Unicef estima ainda que, nos próximos 30 anos, mais 96 milhões de crianças vão ser obrigadas a deixar os sítios onde habitam por causa de catástrofes ambientais. As cheias e as tempestades são as que mais causam estas deslocações.

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Foto de Saldico/Unicef.
Foto de Saldico/Unicef.

De acordo com o relatório “Crianças deslocadas num clima em mudança”, elaborado pela Unicef, nos últimos seis anos, 43,1 milhões de crianças foram obrigadas a sair dos sítios onde habitavam por causa de catástrofes ambientais. A esmagadora maioria, 95%, por causa de cheias e tempestades.

O documento sublinha que, com a manutenção da crise climática, apenas as inundações fluviais levarão à deslocação de mais 96 milhões de crianças nos próximos 30 anos.

Países como o Bangladeche, a China, a Etiópia, a Índia, a Indonésia, a Nigéria, as Filipinas, a Somália, o Sudão do Sul e o Sudão foram os mais atingidos por cheias entre 2016 e 2021. E os países nos quais as tempestades causaram mais deslocados foram o Bangladeche, China, Cuba, Honduras, Índia, Madagáscar, Moçambique, Filipinas, os EUA e o Vietname. Já na lista dos afetados por secas extremas encontramos o Afeganistão, Angola, Brasil, Burúndi, Etiópia, Índia, Iraque, Madagáscar, Somália e Sudão do Sul.

Os fogos tiveram principal incidência na Austrália, Canadá, China, França, Grécia, Israel, Espanha, Síria, Turquia e nos Estados Unidos.

A Unicef escreve que “apesar da ligação entre alterações climáticas e deslocações ser complexa, é mais claro do que nunca que o clima está a mudar os padrões de deslocamento”.

A instituição sublinha alguns dos perigos associados a estas deslocações de crianças: separação dos pais ou cuidadores, aumento do risco de exploração, tráfico de menores e abuso, disrupções no acesso à educação e cuidados de saúde, perigo de mal-nutrição ou de doença.

O relatório pretende analisar assim um aspeto que até agora tinha estado “estatisticamente invisível”, até porque os dados destas deslocações “raramente são desagregados por idade”.