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Sob o título “O que há de errado no Ministério da Defesa português”, um telegrama enviado em 5 de Março de 2009 por Thomas Stephenson, que foi embaixador dos Estados Unidos em Lisboa entre Novembro de 2007 e Junho de 2009, é particularmente crítico em relação à política de compras de equipamento militar do governo português, afirmando que “as vontades e acções do Ministério da Defesa parecem ser guiadas pela pressão dos seus pares e pelo desejo de ter brinquedos caros. O ministério compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não. Os exemplos mais óbvios são os seus dois submarinos (actualmente atrasados) e 39 caças de combate (apenas 12 em condições de voar)”, lê-se num parágrafo do telegrama citado pelo Expresso.
O semanário anunciou que obteve os 722 telegramas da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa que integram o Cablegate, o conjunto de telegramas da diplomacia americana obtidos e divulgados pela WikiLeaks. Para tal, o Expresso fez um acordo com o jornal norueguês Afterposten e o dinamarquês Politiken.
O diplomata norte-americano diz que Portugal sofre de um complexo de inferioridade e que tem a percepção de que é mais fraco do que os aliados, acabando por gastar em submarinos dinheiro que faz falta noutras áreas. E dá o exemplo de que Portugal tem poucos navios patrulha para a defesa do litoral e para lutar contra o narcotráfico e a imigração e pescas ilegais. “Com 800 quilómetros de costa e dois arquipélagos distantes para defender, os submarinos alemães comprados em 2005 não são o investimento mais sensato”, afirma Stephenson.
Noutro telegrama, o embaixador descreve um país de “generais sentados”, dizendo que o Ministério da Defesa não é capaz de tomar decisões e que “os militares têm uma cultura de status quo, em que as posições-chave são ocupadas por carreiristas que evitam entrar em controvérsias”. O embaixador sublinha ainda que Portugal tem mais almirantes e generais por soldado do que quase todas as outras forças armadas.
Quanto ao então ministro da Defesa Nuno Severiano Teixeira, Thomas Stephenson afirma que “Embora seja reconhecido como um académico brilhante, Teixeira é considerado um ministro da Defesa fraco, não muito respeitado pelas chefias militares, ridicularizado pela imprensa e com pouca influência dentro do Governo português.”