O que responderiam Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro se fossem hoje confrontados com uma pergunta simples, mas essencial:
- “Que posição terá Portugal, sob o seu governo, face ao que se passa na Palestina?”
- Vai continuar a alinhar com o silêncio cúmplice da União Europeia e com Ursula von der Leyen? Ou vai finalmente dar um murro na mesa?
- Portugal reconhecerá o Estado Palestiniano? Ou reprimirá, como está a acontecer noutros países europeus, aqueles que ousam não se calar perante tamanha injustiça?
À medida que nos aproximamos das eleições legislativas, há um tema de dimensão histórica que permanece ausente dos debates: a limpeza étnica em curso nos territórios palestinianos. Gaza está a ser destruída. A Cisjordânia é ocupada e sufocada. Famílias inteiras são dizimadas. Crianças são mortas e mutiladas. Morrem à fome porque os camiões com água, comida e medicamentos são impedidos de passar. Israel bloqueia deliberadamente a ajuda humanitária. Mas que desrespeito é este? Como é possível que o mundo assista a tudo isto calado? Nada escapa, tudo é alvo a abater: casas, hospitais, escolas, campos de refugiados. O objetivo é claro: destruir, arrasar, apagar um povo.
E Portugal? Assiste em silêncio. Mas esse silêncio não é neutro. Esse silêncio é uma escolha. E essa escolha diz tudo. Revela o lado em que cada um decidiu ficar.
Não é aceitável que, num país que se afirma defensor da democracia e dos direitos humanos, esta questão não esteja no centro do debate político. A política externa não é secundária, é um reflexo direto dos valores que dizemos defender cá dentro. Que tipo de liderança queremos? Uma que se esconde atrás da conveniência diplomática? Ou uma que tenha coragem moral para enfrentar a injustiça?
Portugal tem uma história de luta contra a opressão. Foi solidário com Timor, com a África do Sul, com a Ucrânia. Por que hesita agora? Que mais é preciso acontecer para que se declare, com clareza, que os direitos dos palestinianos também contam?
As eleições são o momento de exigir respostas. E não respostas vagas, calculadas, cuidadosas. Respostas claras.
Queremos saber se os candidatos estão dispostos a:
- Reconhecer o Estado da Palestina
- Condenar os crimes de guerra cometidos.
- A aplicar medidas diplomáticas firmes.
- A levantar a voz onde outros se calam.
Porque o que está em causa não é apenas uma crise humanitária. É uma luta entre a barbárie e a dignidade. Entre a ocupação e a liberdade. Entre o esquecimento e a justiça.
Termino com uma confissão: faz-me confusão este silêncio. Um silêncio que não se cala e que me incomoda, me inquieta e, sim, me revolta até às entranhas. Porque quando nos calamos diante desta injustiça, não é apenas a política que falha. É a nossa humanidade que se perde.