A Quercus divulgou esta terça-feira a sua proposta no âmbito da consulta pública sobre a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania e Aprendizagens Essenciais para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento. As atenções críticas ao documento têm estado centradas sobretudo na questão da educação sexual mas vinca-se que a educação ambiental também sai “diluída” da proposta do governo.
A organização ambientalista sublinha em primeiro lugar que a altura do ano escolhida para esta discussão pública “não é de todo favorável a uma elevada e desejada participação, pois coincide com o período de férias”. Critica ainda que a Direção-Geral da Educação tenha limitado o espaço das respostas a 500 caracteres ou 1.000 caracteres consoante os campos, contrapondo que na página participa.pt, onde se concentram grande parte das consultas públicas, coordenadas pela Agência Portuguesa do Ambiente, se permite respostas mais elaboradas, bem como anexar documentos.
Quanto ao conteúdo das propostas governamentais, explicita-se que se retira o domínio da Educação Ambiental, “diluindo-o na dimensão da Sustentabilidade”. De acordo com a Quercus, “embora estejam intimamente ligadas, a EA centra-se mais na relação Homem-Natureza e é um meio para se alcançar o Desenvolvimento Sustentável, pelo que se considera que o conceito de sustentabilidade, por ser muito abrangente, pode tornar-se muito vago”.
Por outro lado, temas ambientais como alterações climáticos e biodiversidade são “confinados” e temas do solo, água e energia desaparecem das Aprendizagens Essenciais.
As alterações climáticas, por exemplo, ficam reduzidas ao 3º Ciclo do Ensino Básico e “simplesmente” com o objetivo de “Compreender a necessidade de adoção de medidas para fazer face aos riscos resultantes das alterações climáticas.” Atualmente, o tema é abordado ao longo de todos os níveis e os objetivos bem mais alargados, passando pela compreensão das causas das alterações climáticas, os seus impactes ambientais e a consciencialização sobre necessidade de “adotar comportamentos que visem a adaptação e mitigação face às alterações climáticas.”
No caso da biodiversidade, esta surge apenas nos dois anos do 2º Ciclo do Ensino Básico. Ao passo que os ambientalistas que “a educação para a cidadania não pode ignorar a urgência de uma relação mais consciente, responsável e afetiva com a natureza”.