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Democracia e estado social “estão em risco” com revisão constitucional à direita

22 de maio 2025 - 19:17

À saída da audiência com o Presidente da República, Mariana Mortágua diz que o objetivo dos democratas que apoiam o estado social tem de ser o de impedir a revisão da Constituição de Abril.

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Mariana Mortágua
Mariana Mortágua no final da audiência no Palácio de Belém. Foto Tiago Petinga/Lusa

Uma delegação do Bloco de Esquerda composta pea coordenadora do partido e os dirigentes Fabian Figueiredo e Jorge Costa foi recebida esta quinta-feira no Palácio de Belém. O encontro insere-se no âmbito das consultas feitas pelo Presidente da República acerca dos resultados eleitorais, que só ganharão forma definitiva após a contagem dos votos dos emigrantes.

No final da audiência, Mariana Mortágua sublinhou que “a direita não demorou muito tempo a dizer ao que vem”, ao surgirem as primeiras declarações de intenções por parte da Iniciativa Liberal de aproveitar a maioria parlamentar com a extrema-direita para abrir um processo de revisão constitucional na próxima legislatura. No seu entender, este é “o maior significado desta viragem à direita” no país e esta radicalização “só se faz porque o PSD se tem vindo a radicalizar”, abrindo a porta para discutir o projeto da IL ”que quer acabar com os serviços públicos que construíram a democracia ou com o Chega que quer acabar com liberdades individuais”.

“Toda a nossa democracia, o estado social, a educação, coisas que tomamos como garantidas como o acesso à saúde, existem porque estão consagradas na Constituição. E é precisamente essa Constituição que está em risco hoje e que a direita quer atacar”, apontou a coordenadora do Bloco.

Mariana Mortágua defendeu ainda a necessidade “de todas as forças da democracia e do estado social se unirem em torno de um objetivo que é impedir a revisão da Constituição do 25 de Abril e da democracia portuguesa”.

Questionada pelos jornalistas sobre a possibilidade de alianças entre partidos à esquerda nas próximas eleições autárquicas, Mariana Mortágua revelou que das reuniões entre partidos promovidas pelo Bloco após as legislativas do ano passado “nasceram conversas com o Livre e o PAN para projetos de convergência nas autárquicas”. E repetiu a vontade de que em Lisboa todos os partidos à esquerda, incluindo o PS, se juntem para derrotar Carlos Moedas.

Já sobre a perspetiva de estabilidade governativa que está neste momento em discussão, Mariana Mortágua recordou que “o último período de estabilidade que este país conheceu foi o período em que o Bloco de Esquerda determinou a solução governativa e a maioria parlamentar”.

“À medida que a política se vai encostando à direita, esse país só vai conhecer instabilidade. Por isso batalhamos para que haja estabilidade na Constituição e na vida das pessoas”, concluiu.