Sem aperto de mão. Sem foto a dois. Sem grandes sorrisos. Foi assim o clima em público da cimeira que fez reunir esta semana em Paris o presidente russo, Vladimir Putin e o seu congénere ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, com os dois mediadores, Emmanuel Macron e Angela Merkel, pelo meio.
O resultado foi, nas palavras de Zelenkiy, “um empate”. O conflito que separa os dois países há cerca de cinco anos manteve-se depois das oito horas de discussão e o que foi anunciado limitou-se a uma troca de prisioneiros e ao compromisso de manter o cessar-fogo. Questões fulcrais como o controlo das fronteiras nas regiões dominadas pelos separatistas pró-russos e as eleições locais continuam bloqueadas.
Não se avançou assim muito desde o segundo acordo de Minsk, em 2015, que tinha também sido mediado por França e Alemanha e que previa que a Ucrânia restaurasse controlo fronteiriço nas zonas disputadas após a realização de eleições locais e da concessão de vastos direitos autonómicos.
O presidente ucraniano não está satisfeito com o resultado alcançado pelo seu predecessor há quatro anos e quer forçar a obtenção de controlo militar antes da realização de eleições. Putin insiste que os termos de 2015 continuam a valer.
E até mesmo a parte anunciada como o grande progresso da cimeira de paz não é entendida da mesma forma pelos dois lados. Sobre a troca de prisioneiros, Zelenskiy congratulou-se com o futuro regresso a casa ainda este mês de 72 ucranianos mas os separatistas dizem que o que acontecerá é a troca de 53 presos ucranianos por 88 separatistas. Em dezembro de 2017, uma grande troca de prisioneiros tinha feito regressar 233 separatistas pró-russos e 73 soldados ucranianos ao seu lado da contenda.
Empatado está ainda outro dossier decisivo entre os dois países: não se chegou a acordo sobre um novo acordo de distribuição de gás natural. O contrato entre russos e ucranianos termina este ano e em disputa estão os futuros preços de passagem do gás russo para a Europa e a dívida. O gás russo passa pela Ucrânia antes de chegar à Europa pelo que a questão é acompanhada de muito perto pela União Europeia.
Segundo a Reuters, esta quarta-feira, fonte da Comissão Europeia avançou que, neste contexto, as sanções da UE contra a Rússia se manterão.