Catarina Martins anunciou esta quarta-feira que será candidata à Presidência da República. O apoio à candidatura enquanto proponente já pode ser feito aqui.
Lê aqui na íntegra a nota que explica as razões da sua decisão.
"Há uns meses, durante o apagão, quando a grande distribuição fechou e os multibancos pararam, as lojas de bairro venderam fiado e os vizinhos ajudaram-se. Neste Verão, as pessoas uniram-se para fazerem frente ao fogo e salvaram as suas aldeias. Anónimos depositaram flores ao lado do Elevador da Glória. Famílias acolheram outras famílias que fugiram de guerras. Choramos com as mães de Gaza. A solidariedade é uma grande força de Portugal.
Há quem queira negar esta força. Aqueles que escolhem o insulto em vez do argumento e que semeiam o ressentimento para tolher a esperança. Nunca como hoje sentimos o perigo desta rampa deslizante; não é uma questão de franjas da população nem mesmo de uma bancada parlamentar ruidosa. A voz da selvajaria está no centro da decisão política e a contaminar as instituições.
O que estamos a viver não é uma repetição do passado. É novo e veloz. É global e é aqui, na nossa casa comum. Exige a nossa indignação, imaginação, coragem, ação. Sem hesitações, eu quero ajudar a mudar já os termos do debate em Portugal.
A degradação a que assistimos não pode ser normalizada nem desvalorizada. Comecemos pelos fundamentos: os direitos democráticos constitucionais são a defesa contra o autoritarismo e a arbitrariedade. Precisamos dessa garantia de Liberdade.
A Liberdade que, como aprendemos a cantar com o Sérgio Godinho, exige mais do que a palavra. Vincula-se à condição de vida. A Paz, o pão, a habitação, saúde, educação.
Estou empenhada em centrar o debate político na exigência da dignidade do trabalho, no direito à habitação, no apoio nas diferentes etapas da vida, no acesso à saúde, à educação e à cultura, no combate a todas as desigualdades e discriminações, em serviços públicos de qualidade que nos tratem como iguais e em que possamos confiar.
É urgente popularizar a democracia. Enfrentemos os poderes que se movem na sombra,
porque é o povo e a sua vida que têm de estar no centro da decisão política. A democracia é do povo e porque responde ao povo é defendida pelo povo.
É urgente ousar o futuro. O futuro que podemos ser na transição climática, com um novo modelo de economia, um território vivo e coeso e uma nova credibilidade interna e externa.
É urgente a Paz. E Portugal pode ser no mundo uma voz determinante pelo direito internacional e o multilateralismo, sem duplos critérios nem transigências de conveniência.
Apresento a minha candidatura presidencial com estas urgências. Uma candidatura inspirada na nossa força solidária, que faz pontes, que ouve e aprende com quem constrói Portugal todos os dias, E, claro, com a combatividade da mulher que sou.
A minha candidatura coloca no centro o cuidado. Quero cuidar da democracia, cuidar dos bens comuns, cuidar da Paz. Cuidar da igualdade e da liberdade. Juntar forças para devolver a confiança da democracia."