O cabo Manning foi obrigado a despir-se e dormir nu, pela segunda noite consecutiva. Como ontem1, os guardas da prisão Brig – da Marinha dos EUA, em Quantico, Virginia – obrigaram o prisioneiro a despir-se na sala de revista e confiscaram todas as suas roupas, antes de o autorizar a voltar à cela. O cabo Manning em seguida andou nu de volta à cela e à cama, e lá passou as sete horas seguintes, em inadmissível situação de exposição e humilhação.
A decisão de recolher as roupas do prisioneiro foi tomada pela brigadeira comandante Denise Barnes. Segundo o primeiro-tenente Brian Villard, porta-voz da Marinha, a decisão “não foi punitiva” e tomada conforme as regras da prisão Brig.
Não há justificação concebível para exigir que um soldado entregue as roupas e permaneça nu na sua cela durante sete horas, obrigado a apresentar-se à revista na manhã seguinte. O tratamento é ainda mais degradante, sabendo que o Cabo Manning é monitorizado – por vigilância directa e por câmaras de vídeo – 24 horas por dia.
A defesa foi informada pelos oficiais da prisão, que a decisão de confiscar as roupas do prisioneiro Manning foi tomada sem qualquer consulta aos psiquiatras e médicos responsáveis pela saúde física e mental do prisioneiro na prisão Brig.
Na 5ª-feira, o Estado respondeu à carta da Defesa que mais uma vez protestou, com base no art. 138, contra as condições a que o prisioneiro está confinado. A decisão preliminar do Estado foi negar acolhimento ao pedido de que o prisioneiro Manning fosse removido da situação de custódia máxima e retirado da vigilância para prevenção de auto-agressão. A Defesa tem agora dez dias para treplicar.
Artigo publicado em countercurrents.org, traduzido pelo colectivo da Vila Vudu e disponível em redecastorphoto.blogspot.com
1 “Ontem, 2/3/2011, o prisioneiro Manning foi inexplicavelmente obrigado a despir-se e permaneceu na sua cela durante sete horas, despido. Às 5h da manhã, ao toque de alvorada, o prisioneiro Manning foi arrastado para fora da cela e obrigado a permanecer em pé, no corredor.
O Supervisor do Dia chegou pouco antes das 5h da manhã. Ao chegar, repreendeu o cabo Manning, depois de fazer, ele mesmo, a contagem dos prisioneiros. Em seguida, o prisioneiro Manning recebeu ordens para se sentar na sua cama. Dez minutos depois, um guarda devolveu-lhe as roupas.
Esse tratamento é degradante e indesculpável e injustificável. Traz vergonha ao sistema da justiça militar dos EUA e não pode ser tolerado. O prisioneiro Manning foi informado de que na noite seguinte o procedimento seria repetido. Nenhum outro detido na prisão de Quantico enfrenta condições semelhantes de isolamento e humilhação.”