O Conselho de Administração da RTP divulgou aos funcionários da empresa uma nota, a que a Lusa teve acesso, em que afirma que manifestou em "tempo oportuno" junto do governo a sua discordância perante o cenário de uma concessão a um privado da empresa, anunciado na semana passada pelo conselheiro do governo António Borges.
O Conselho, presidido por Guilherme Costa, diz que tal cenário "envolve o mesmo custo para o contribuinte que a manutenção da RTP sob propriedade e gestão pública".
Além disso, afirma que a concessão a um privado "talvez" não garanta o "mesmo serviço público nem o mesmo retorno financeiro para o Estado".
O comunicado destaca ainda os resultados recentes que apresentaram lucros em dois anos consecutivos, pela primeira vez em 20 anos, lucros que se prevê irem continuar em 2012
Entretanto, António Borges confirmou que estava autorizado pelo governo a falar da concessão da RTP pelo governo. "Só comunico questões do meu trabalho com o governo quando o governo me autoriza a fazê-lo", disse ao Correio da Manhã.
“Pouca-vergonha”
A proposta de concessão do serviço público de televisão a um privado continua a merecer comentários de espanto. O ex-presidente Mário Soares disse ao Diário de Notícias: "Acho que era uma pouca-vergonha. Mas, como agora foi considerado que esse modelo de concessão seria inconstitucional, vão ter de mudar de opinião". Soares acredita porém que a proposta não vai passar do papel: "A não ser queiram destruir a Constituição. Mas isso não creio que o governo faça".