2024, o ano em que o casamento homossexual chegará ao sudeste asiático

01 de janeiro 2024 - 14:32

Na Tailândia, a câmara baixa do parlamento aprovou por ampla maioria em primeira leitura os quatro projetos de lei sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo. O país está a caminho de ser o terceiro na Ásia a aprovar a legalização.

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Dois ativistas LGBTI+ beijam-se durante uma ação a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo junto Centro de Arte e Cultura de Banguecoque. 19 de dezembro de 2023. Foto de NARONG SANGNAK/EPA/Lusa.

A 21 de dezembro, o parlamento tailandês aprovou, em primeira leitura, quatro projetos de lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, um passo decisivo para o país se tornar o primeiro do sudeste asiático a legalizar o casamento homossexual e que tem sido celebrado pela comunidade LGBQI+ como uma vitória significativa.

Em declarações citadas no jornal belga Le Soir, Nada Chaiyajit, professora na Universidade Mae Fah Luang e militante trans, diz que “a hora da mudança chegou”. Segundo ela, “a população tailandesa apoia por grande maioria tal legislação”.

A esmagadora maioria da câmara baixa do parlamento, pelo menos, vai nesse sentido. A votação foi de 360 a favor, dez contra e uma abstenção. Faltam ainda mais duas rondas de leituras até uma das quatro leis seja levada ao rei, o último passo antes de uma lei se tornar efetiva no país. O que acontecerá, espera-se, entre junho e dezembro de 2024.

No continente asiático, apenas o Nepal e Taiwan legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Está previsto que na lei de reconhecimento do casamento sejam trocadas as palavras “homem” e “mulher”, ficando apenas que é uma união entre “indivíduos”.

O primeiro-ministro Srettha Thavisin é um dos apoiantes da medida e escreveu no X que “estamos finalmente a caminho de colmatar o fosso que nos separa da igualdade de direitos para todos” dando os “parabéns à comunidade LGBTQIA+” e esperando “que o amor finalmente triunfe”.

Contudo, há quem desconfie das juras de amor do governante e veja aí apenas uma forma de tentar chegar ao eleitorado jovem e transmitir uma imagem progressista. Desde que tomou posse, o governo prendeu pelo menos nove pessoas ao abrigo do decreto sobre “difamação real”. Estas tinham participado no movimento massivo de protesto de 2020/21 pela reforma da monarquia.

Os líderes do partido mais votado em maio passado, o Partido Avançar, uma formação social-democrata de centro-esquerda, estão até a ser julgados no Tribunal Constitucional acusados de, através da sua campanha eleitoral, terem tentado derrubar a monarquia.

Assim, a líder oposicionista Patsaravalee Tanakitvibulpon, que se distinguiu durante a última onda de grandes manifestações, afirma que o maior partido do governo, o Pheu Thai, de centro direita, que se uniu a partidos que apoiaram o anterior governo da junta militar saída do golpe de Estado de 2014 para chegar ao poder, usa a questão “para se esquivar às queixas e questões das pessoas sobre a reforma da Constituição”.

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