Repressão em Angola

Cresce a preocupação com o estado de saúde do rapper em greve de fome há 20 dias. Na sexta-feira realizaram-se vigílias em Luanda, Lisboa e na cidade do Mindelo, em Cabo Verde.

O jovem ativista e músico, conhecido no meio artístico como Ikonoklasta ou Brigadeiro Mata Frakuzx, está em greve da fome há 18 dias. Diretor dos serviços prisionais de Angola diz que o preso político “não está a receber assistência médica porque não está doente”. Nesta quinta-feira, realizou-se uma vigília de solidariedade em Luanda (veja vídeo).

O Ministério Público angolano acusou 17 jovens da preparação de uma rebelião e de um atentado contra o Presidente da República, prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil que aprendiam num curso de formação. Rafael Marques diz que “acusação revela desespero das autoridades” angolanas.

Ativistas que fazem campanha pela Liberdade aos Presos Políticos em Angola denunciam que as consequências desta greve de fome poderão ser trágicas. “Silenciar é compactuar com a injustiça.”

O Parlamento Europeu aprovou resolução em que é denunciado o “rápido agravamento” da situação dos direitos humanos em Angola, a violação das liberdades e os "graves abusos por parte das forças de segurança e a falta de independência do sistema judicial". A resolução, que foi subscrita por Marisa Matias, “insta as autoridades angolanas a libertarem imediata e incondicionalmente todos os defensores dos direitos humanos, incluindo Marcos Mavungo e os ativistas 15+1 detidos em junho de 2015”.

Marisa Matias denuncia no PE “a repressão, as detenções arbitrárias, os ataques à liberdade de expressão, a violação à liberdade de associação” em Angola, assim como “a forma como tem tratado os ativistas”, salienta que o regime angolano é já “um regime totalitário”e aponta: “Democracia e direitos humanos são para respeitar e levar a sério”.

É na pressão contra meros paliativos de consciência que reside a força do rap como apelo à garantia dos direitos humanos que abrange mais que negociar as migalhas do sistema. Por Susan de Oliveira, publicado em buala.org

Iniciativa visa fazer o presidente José Eduardo dos Santos “sentir, se ele é mesmo humano, como pode festejar enquanto manda encarcerar os nossos filhos”, afirma uma das mães. Por Rafael Marques de Morais, Maka Angola

Preso político internado numa solitária na prisão de Kakila recusa a comida que lhe levam desde dia 11. Acusa as autoridades de praticarem tortura psicológica, não lhe permitindo ver a luz do sol e limitando gravemente a possibilidade de falar com a esposa.

Em Angola não há um género musical na atualidade que faça mais honra à memória da música angolana de intervenção social dos anos 60/70 do que o hip hop. Por Susan de Oliveira, publicado em buala.org

Na Avenida Comandante Valódia, a pouco mais de um quilómetro do ponto de partida [da manifestação], os vários comandantes e oficiais dos serviços de segurança presentes no local ordenaram a carga policial contra os manifestantes. As mães presentes não foram poupadas. Artigo de Rafael Marques, presente na manifestação, publicado em Maka Angola.

Jovem diz que a sua vida e a dos outros presos “não têm nenhum valor” porque dependem “inteiramente do presidente da República”. Bloco Democrático afirma que prisões são o culminar do crescendo de repressão que se vem abatendo sobre os jovens ativistas.

“Nós sairemos à rua, para marcharmos como mães, para exigirmos a libertação dos nossos filhos. É só o que queremos. Sabemos que não há democracia neste país porque é só o MPLA que sabe e que manda, mas vamos reclamar”, afirma uma das mães que participará na marcha de repúdio agendada para 8 de agosto. Artigo de Rafael Marques de Morais, Maka Angola.

"O que aconteceu com estes cidadãos demonstra que não é preciso estar a fazer qualquer atividade perigosa, agressiva. Basta que as pessoas existam com opinião própria para serem caçadas ali onde estiverem", afirmou o artista e professor Manuel Victoria Pereira. 

A concentração pela libertação dos presos políticos angolanos foi reprimida em Luanda. Na baixa de Lisboa, centenas de pessoas solidarizaram-se com os jovens detidos desde junho em Angola.

A iniciativa, convocada por um grupo de cidadãos, ao qual se juntaram associações como a Solidariedade Imigrante, terá lugar no Largo de São Domingos, em Lisboa, pelas 18h. Em causa está a violação de “direitos humanos básicos, como a liberdade de expressão e a própria constituição Angolana”.

O correspondente da Deutsche Welle África e quatro ativistas estiveram detidos nove horas sob a acusação de "pretenderem fazer política no estabelecimento prisional”. O jornalista e os ativistas serão ouvidos esta quinta-feira por um procurador.

Para esta sexta-feira às 15h, junto ao consulado de Angola em Lisboa, está convocada uma concentração de solidariedade com os presos políticos angolanos.

Quatro organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos enviaram uma carta aberta ao chefe de Estado angolano sobre a “supressão da Liberdade de Expressão, Associação e Reunião Pacífica em Angola“.

Tem permanecido no esquecimento o caso do ativista Mário Faustino, detido desde 27 de Maio passado por tentativa de manifestação. Em exclusivo ao Maka Angola e a partir da cela do Comando Provincial da Polícia Nacional em Luanda, o ativista conta ter sido torturado por um brigadeiro das Forças Armadas Angolanas, numa unidade militar. Por Rafael Marques de Morais.