O movimento popular argelino, conhecido como Hirak, comemorou no dia 22 de fevereiro um ano de existência. Forçado à suspensão devido à pandemia Covid-19, deverá regressar logo que termine o distanciamento social na Argélia. Artigo de Luís Leiria, publicado na revista Esquerda antes da interrupção de todas as manifestações no país.
Hino do movimento popular contra o regime é um cântico da claque do USMA, clube de Argel. Experiência das organizações de adeptos, inclusive o anonimato e a decisão coletiva, foi absorvida pela revolução. Por Luis Leiria.
Na Argélia, a palavra de ordem Yatnakaw ga', “vão-se embora todos”, resume bem a vontade popular, amplamente difundida, de pôr fim ao “sistema Bouteflika”. Trata-se de desencadear um processo de transição para uma Segunda República. Por Jérôme Duval
Partidos de oposição organizam-se por uma mudança democrática radical no país, apoiada nas mobilizações atuais e contrária às manobras do poder controlado pelo chefe do Estado Maior do Exército. Por Luis Leiria.
Chefe do Exército acusa indivíduos e entidades não nomeados de quererem criar um vazio constitucional e defende as eleições de 4 de julho, rejeitadas pelas manifestações populares. Por Luis Leiria.
Ex-primeiro-ministro socialista Jean-Marc Ayrault, líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, e o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, entre outros, afirmam que nada pode justificar detenção da dirigente do PT da Argélia.
Louisa Hanoune, secretária-geral do Partido dos Trabalhadores, foi detida provisoriamente depois de ter sido convocada por um Tribunal Militar a depor como testemunha. Deputada desde 1997, ela foi a primeira mulher candidata à Presidência da Argélia em 2004.
Nesta entrevista ao diário argelino El Watan, Mahmoud Rechidi, secretário geral do PST, acusa o Exército de atuar pela continuidade do regime e defende a convocatória de uma Assembleia Constituinte soberana.
Tribunal militar decreta a prisão preventiva de Saïd Bouteflika, considerado o presidente de facto durante a doença do irmão, e dos ex-chefes do Departamento de Informação e Segurança e das secretas.
Revolução popular iniciada a 22 de fevereiro demonstra fôlego para prosseguir até pôr em xeque o regime argelino. Com um presidente interino e um primeiro-ministro desmoralizados, o último defensor do “sistema” é o Exército. Por Luis Leiria.
A maioria das universidades e das escolas superiores do país está paralisada pela greve. Estudantes estruturam os campus através da eleição de delegados e ambicionam ter “terem muito peso” na transição democrática. Por Mohamed Kebci.
Presidente do Conselho Constitucional era um dos “três B” que os manifestantes queriam ver demitidos. É provável que outras demissões se sigam. Por F. Mourad.
A Argélia vive, desde 22 de fevereiro, as maiores mobilizações da sua história recente. Milhões de pessoas, todas as sextas-feiras, manifestam coletivamente a sua vontade que se pode resumir numa palavra de ordem: “Fora o sistema”. Já conseguiram a demissão do presidente. Dossier organizado por Luis Leiria.
Seis semanas de mobilizações de milhões em toda a Argélia dividiram o poder e levaram à demissão do Presidente Abdelaziz Bouteflika. Neste artigo, Hocine Belalloufi analisa os meandros do processo que abala o país e abre o debate estratégico sobre as suas perspetivas.
Qual será o papel do Exército argelino, que forma a coluna vertebral do país, na transição política? Semelhante ao do exército do Egito? Ou ao de Portugal no 25 de Abril? Por Nadir Djermoune.
O Partido Socialista dos Trabalhadores é um dos partidos da esquerda argelina, fundado nos anos 70 do encontro de um grupo de sindicalistas do leste do país e de um círculo de estudantes da Universidade de Argel. Reproduzimos aqui o comunicado publicado pela sua direção após a queda de Bouteflika.
Vivemos atualmente uma magnífica sublevação popular pacífica contra o sistema político existente. A presença massiva de mulheres nas manifestações testemunha as profundas transformações da nossa sociedade e exige um reconhecimento dos direitos das mulheres numa Argélia igualitária.
No dia 2 de fevereiro era anunciada a candidatura de Bouteflika ao seu 5º mandato. No dia 2 de abril, demitiu-se ainda antes de terminar o 4º. De uma data à outra, ocorreram as maiores manifestações de massas da história recente da Argélia. Que prosseguem, porque nem a demissão as acalmou.
Demissão do presidente foi o ponto decisivo de uma luta de bastidores que veio à tona na terça-feira e que prossegue ainda com a proibição de saída do país de vários empresários. Por Luis Leiria.
Segundo a agência noticiosa estatal argelina, o presidente do país sairá de cena antes da data do final do mandato, 28 de abril. As manifestações massivas contra o presidente e a perda de apoio entre a elite político-militar tornavam este desfecho esperado.
Pela sexta semana consecutiva os argelinos estão nas ruas para se manifestar contra o regime de Bouteflika. Utilizam agora a hashtag #RevolutionJoyeuse. Porque dizem que já não basta que Bouteflika se vá embora. É preciso que leve Gaïd Salah, o chefe das forças armadas, e o resto do regime consigo.
Gaïd Salah, chefe do Estado Maior das Forças Armadas argelinas propõe o afastamento do presidente da República por incapacidade, ao abrigo do artigo 102 da Constituição.
As ruas de Argel encheram-se nesta sexta-feira em protesto contra o regime representado por Bouteflika, que desistiu de se candidatar a um quinto mandato, mas não abandonou o poder e adiou as eleições.
Regressado do hospital em Genebra, o presidente argelino respondeu às manifestações com a renúncia à recandidatura, mas quer liderar o processo para uma nova Constituição.
Milhões de pessoas manifestaram-se, na passada sexta-feira, por toda a Argélia, opondo-se à tentativa de impor o quinto mandato de Bouteflika, como um facto consumado. Os protestos vão continuar com desobediência civil e greve geral. Por Madjid Makedh.