Morreu Tolentino Nóbrega, o jornalista que “não tinha medo de denunciar nada”

07 de April 2015 - 12:44

Faleceu esta terça-feira de madrugada, aos 63 anos, vítima de doença oncológica, o jornalista madeirense Tolentino Nóbrega.

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Em 2006 é condecorado por Jorge Sampaio com a Ordem do Infante D.Henrique no grau de Comendador.

Ao longo dos seus 40 anos de carreira, profundamente dedicados à região autónoma da Madeira, passou por várias publicações. Inicia a sua carreira em 1972 no “Comércio do Funchal”, dois anos depois passa a integrar a redação do “Diário de Notícias do Funchal”, de onde só sairia em 1993. Começa a colaborar com o “Público” em 1992 como correspondente do jornal na Madeira.  

Recordado pelos colegas de profissão como um “resistente” e de “não ter medo de denunciar nada”, apesar das conhecidas pressões que o jardinismo exercia sobre o seu trabalho.

Numa entrevista ao jornal Record, em 1998, esclarecia que nada o movia em especial contra Alberto João Jardim, mas contra “todas as formas de autoritarismo e de todas as formas de governo que desrespeitem as liberdades”. “Sem uma imprensa livre não há democracia. Se há, numa região de Portugal, pressões e coações contra jornalistas, restrições ao acesso às fontes de informação, não há democracia plena, há défice democrático”.

Em 1998, vence o prémio Gazeta e em 2006 é condecorado pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Ordem do Infante D.Henrique no grau de Comendador.

"O Tolentino foi uma força democrática e quase fazia as vezes da oposição ao denunciar ilegalidades e irregularidades, e ao fazer a fiscalização do Governo e da constitucionalidade das suas ações, com a sua invejável memória e o seu sentido de justiça implacável", recorda Leonete Botelho editora de Política do Público, o último jornal para o qual trabalhou.

Bloco/Madeira sublinha "enorme perda para o jornalismo e para a democracia"

"Tolentino Nóbrega, no exercício da sua profissão, sempre pautou a sua postura pelo bom relacionamento pessoal e institucional e constitui uma enorme perda para o jornalismo e para a democracia", afirma o Bloco em comunicado.

"Ficamos todos mais pobres e tristes. Que descanse em paz!"

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