Ser a CE a investigar um processo que envolve Juncker “é como pôr a raposa a guardar o galinheiro”

07 de November 2014 - 14:23

Acusando o atual presidente da Comissão Europeia (CE) de, “numa altura em que se transformaram os países em verdadeiros infernos fiscais para os seus cidadãos”, ter aberto a porta à evasão fiscal de 340 multinacionais, a eurodeputada Marisa Matias defendeu que tanto Juncker como todos os comissários terão de ser substituídos. Grupo da Esquerda Unitária prepara Moção de Censura.

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Foto EPA, Lusa/JULIEN WARNAND.

Face à divulgação de documentos que mostram a conivência do Luxemburgo, país liderado durante 18 anos por Juncker, com a evasão fiscal de 340 multinacionais, o grupo da Esquerda Unitária no Parlamento Europeu está a recolher apoios para avançar com uma moção de censura ao presidente da Comissão Europeia e a todos os atuais comissários.

 “Conhecemos agora a atividade de Juncker enquanto primeiro-ministro e ministro das Finanças no Luxemburgo, a forma como abriu a porta à evasão fiscal de mais de 300 multinacionais, permitindo-lhes não cumprir com as suas obrigações de pagamento de impostos nos países respetivos”, avançou esta quinta-feira a eurodeputada Marisa Matias.

 “Numa altura em que se transformaram os países em verdadeiros infernos fiscais para os seus cidadãos”, Juncker “achou por bem ajudar 340 multinacionais", permitindo-lhes fugir aos impostos e "pagar o mínimo possível sobre os seus lucros, ganhando muito com esse negócio”, acrescentou a dirigente bloquista.

 Segundo a eurodeputada, “não há condições para ter como presidente da Comissão Europeia alguém que abriu a porta a que se cometesse ilegalidades deste tipo” e que “pôs em causa a economia de tantos países”.

Lembrando que a Comissão já veio dizer que o assunto vai ser investigado pela comissária Margrethe Vestager, Marisa Matias frisou que “ser a própria Comissão Europeia (CE) a investigar um processo que envolve o presidente da CE é como pôr a raposa a guardar o galinheiro”.

 Marisa Matias recordou ainda que o próprio presidente do grupo dos socialistas e democratas, que votou a favor da eleição de Juncker, “já veio dizer que ele está numa posição muito desconfortável e que, portanto, alguma coisa tem de ser feita”.

 O grupo da Esquerda Unitária terá agora de reunir o consenso de 76 eurodeputados, necessitando, para assegurar a provação da Moção de Censura, de dois terços dos votos.