Depois de rever em baixa as previsões económicas de 2014, e um nível de desemprego sempre acima dos 15% nos próximos 3 anos, Vítor Gaspar congratulou-se com o sucesso no programa do programa da troika. “Este afundanço em que o país vive é uma boa notícia para a troika e para o ministro das Finanças”, respondeu o Bloco.
Como tem acontecido em todas as avaliações trimestrais do memorando de entendimento, governo e troika reviram novamente em baixa as perspetivas económicas do país. Mantendo uma previsão de recessão de 3% para o próximo ano, a novidade foi o abrandamento acentuado para 2014, passando de um crescimento de 1,2% para 0,8%.
A taxa de desemprego, admitiu Vítor Gaspar na apresentação da avaliação da troika, estará sempre acima dos 15% até 2015 e, mesmo em 2016, abrangerá 14,8% dos cidadãos nos sempre conservadores números oficiais.
Depois de elogiar o sucesso do programa, que está “cumprido a 95%”, e das “reformas estruturais” lançadas pelo Governo, o ministro das Finanças reconheceu que o crescimento económico nunca chegará antes de 2015 e 2016, impulsionado pelo regresso da mesma procura interna que foi sufocada pela austeridade implementada pelo seu governo.
O corte adicional de 4000 milhões de euros na saúde, educação e segurança social, anunciados pelo Governo como fazendo parte da “refundação do Estado”, não concluirão a austeridade que tem diminuído fortemente os serviços públicos. Vítor Gaspar admitiu, pela primeira vez, que esse valor será atingido “num primeiro momento”, abrindo caminho a novos cortes na componente social do Estado.
“A troika veio avaliar-se a si própria e à sua política. Naturalmente, a avaliação é positiva - mais desemprego, mais recessão, mais miséria no país. Este afundanço em que o país vive é uma boa notícia para a troika e para o ministro das Finanças”, declarou Jorge Costa, da comissão política do Bloco.
Para o Bloco de Esquerda, “a novidade no discurso de Vítor Gaspar diz respeito ao corte de quatro mil milhões de euros na saúde, na educação e nas pensões dos portugueses”. “Ficámos a saber que é um primeiro momento do grande desbaste, da grande destruição dos serviços públicos em Portugal”, considerou Jorge Costa, para quem o Orçamento para 2013 é “uma mentira” que “vai obrigar a um orçamento retificativo já em fevereiro próximo para incorporar esse gigantesco corte de quatro mil milhões”.