Segundo dados divulgados pelo Instituto Português do Emprego e Formação Profissional (IEFP), apenas 0,6% (157 pessoas) do universo de colocações registadas nos primeiros sete meses do ano equivale a empregos com salários acima dos mil euros, enquanto a grande maioria, 68,4%, corresponde a postos de trabalho onde são praticados salários até aos 500 euros.
Mais de 23% das pessoas que encontraram trabalho mediante a mediação do IEFP recebem salários entre 500 e 650 euros e apenas 6,3% usufruem de remunerações entre os 650 e os 800 euros.
Já no que concerne a ordenados entre 800 e mil euros, apenas 1,5% das colocações se encaixa nessas condições.
Governo baixa meta de colocações
Até abril, o IEFP apontava para uma meta de 90 mil colocações, contudo, com a aprovação do Programa de Relançamento do Serviço Público de Emprego, foi estipulado que o esforço de crescimento seria distribuído por dois anos, segundo esclareceu o presidente do IEFP, Octávio Oliveira, em declarações ao Diário Económico.
Nesse contexto, a meta prevista para 2012 passou a ser de 75.200 colocações, sendo que, até julho, a taxa de colocação era ainda de 42,9%. Foram colocadas 32.245 pessoas, que se encontravam quer em situação de desemprego como já colocadas no mercado de trabalho.
Governo prossegue uma política de baixos salários
Segundo o Boletim Estatístico de junho de 2012, do Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP), em outubro de 2011 existiam mais de 11% trabalhadores a ganhar o salário mínimo: 550 mil. As mulheres representam 63% do total dos trabalhadores a ganhar a retribuição mínima.
Desde o início deste governo, o salário médio já caiu 12%.
Em 2012, o governo não procedeu a qualquer atualização do salário mínimo nacional, mantendo-se o mesmo nos 485 euros, assim como congelou os salários da função pública e não atualizou as pensões superiores a 247 euros, o que implicou, mediante o aumento dos preços, a diminuição do poder de compra dos cidadãos.
Com a eliminação dos subsídios de férias e de Natal, aplicada aos funcionários públicos, e também aos pensionistas, o governo cortou, de uma assentada, 14% do rendimento anual de todos os trabalhadores que recebem mais de 600 euros por mês.
As alterações introduzidas pelo executivo do PSD/CDS-PP ao Código do Trabalho, a par de facilitarem os despedimentos e reduzirem o valor das indemnizações por despedimento, vêm impor uma nova redução abrupta dos rendimentos de muitos trabalhadores ao preverem o corte a metade do valor pago pelas horas extraordinárias.
Governo é o primeiro a aplicar baixos salários
O executivo propõe, como forma de combater o desemprego jovem, a precarização das relações laborais e o embaratecimento dos custos com o trabalho, disponibilizando às empresas trabalho quase gratuito ou com salários muito baixos aproveitando a real e grave situação de muitos jovens.
O Impulso Jovem 2012 permite que uma empresa despeça um trabalhador para o substituir por um estagiário, a quem é oferecido um estágio de 6 meses. O estágio é remunerado a 419,22€, no caso de jovens sem o secundário concluído, a 524,03€ com o secundário e a 691,71€ quando os jovens usufruem de uma licenciatura/mestrado.
Recentemente, o governo propôs-se a contratar enfermeiros para os centros de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo, através de empresas de prestação de serviços, a menos de quatro euros por hora, ao que equivaleria um salário mensal liquido de cerca de 300 euros.