Cavaco deve declarar que perdeu a confiança em Dias Loureiro, diz Miguel Portas

27 de May 2009 - 3:11
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Miguel Portas. Foto de Paulete Matos

"A situação de Dias Loureiro ficou insustentável", declarou Miguel Portas, em nome do Bloco de Esquerda, na noite desta terça-feira. O cabeça-de-lista às eleições europeias lançou o desafio ao presidente da República: "Sabemos que não pode demitir Dias Loureiro, mas pode e deve declarar que perdeu a confiança no seu conselheiro de Estado". Miguel Portas afirmou ainda que Vítor Constâncio não tem mais condições políticas de continuar a ser responsável pela supervisão que nunca existiu.

Miguel Portas falou para as mais de cem pessoas que se reuniram num jantar de campanha em Tomar. Diante das declarações do ex-presidente do BPN Oliveira e Costa, que afirmou que Dias Loureiro mentiu aos deputados nos dois depoimentos que fez na Comissão de inquérito parlamentar, era inevitável que o dirigente bloquista abordasse o tema.

Miguel Portas salientou que "a limpeza na vida política" exige uma palavra do Presidente da República. "Qualquer silêncio do Presidente da República neste momento é evidentemente comprometedor. Nós sabemos que o BPN era um banco feito, construído e erguido à sombra do poder laranja; mas que o Presidente da República não prolongue por mais tempo uma declaração. O ruído do silêncio seria ensurdecedor".

Relativamente ao governador do Banco de Portugal, o eurodeputado disse não acreditar que Vítor Constâncio continue a ter "condições políticas" para se manter como responsável pela supervisão da banca privada em Portugal, uma supervisão que nunca funcionou.

"Não é natural que o Banco de Portugal continue a ter como presidente um homem que está evidentemente com sérios problemas de credibilidade em função da história que se vai conhecendo, a cada novo depoimento que surge na comissão de inquérito da Assembleia da República", sublinhou.

Francisco Louçã também abordou o tema, dizendo que Oliveira e Costa relatou histórias das arábias no Parlamento: "Entra a família real saudita, entra um embaixador el-Rachid, entra Kadafi; entra a Carlyle, um grupo que foi dirigido por um director da CIA que foi, aliás, embaixador dos EUA em Portugal. Entram todos os interesses mais penumbrosos que possam imaginar. Se somássemos todas as telenovelas, de todos os horários, de todos os canais de televisão e juntássemos tudo o que há de picante em todas elas, estavam resumidas na história do BPN.

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