Na passada sexta-feira, os senadores republicanos bloquearam uma investigação à invasão do Capitólio perpetrada por centenas de apoiantes do ex-presidente Donald Trump, a seis de janeiro passado, na qual foram mortas cinco pessoas.
A comissão de inquérito teria poder para questionar testemunhas, Trump incluído, sobre os eventos desse dia. E seria paritária entre democratas e republicanos, integrando cinco membros de cada uma das forças políticas. Tinha, aliás, sido pedida pelos democratas mas também juntou na sua convocatória alguns dos republicanos considerados mais moderados. No final, seis deles votaram a favor da proposta que teve uma maioria de 54 votos a favor e 35 contra. Depois desta ter sido aprovada na Câmara dos Representantes precisava, desta feira, para ser aprovada, de 60 votos a favor no Senado. Também naquele órgão apenas uma minoria dos republicanos tinha votado, a 19 de maio, a favor da investigação: 35 num total de 211.
O líder da bancada democrata no Senado reagiu à votação questionando: “do que têm medo? Da verdade?” Acrescentou ainda: “os republicanos no Senado escolheram defender a grande mentira porque temem que o que possa chatear Donald Trump possa prejudicá-los politicamente”. A “grande mentira” a que alude é a teoria de que “as eleições foram fraudulentas”. E o comentário não é extemporâneo. O ex-presidente avisara os indecisos das possíveis “consequências” para quem votasse num sentido que lhe desagradasse.
A liderança republicana no Senado, por sua vez, pela boca de Mitch McConnell, garante que apenas votou contra para não duplicar trabalho, uma vez que haverá outros comités no congresso a analisar o assunto e que o trabalho central de investigação cabe às forças policiais que, até ao momento, prenderam mais de 440 pessoas envolvidas no caso.
Os mesmos republicanos, tinham votado contra, em fevereiro passado, o processo de destituição de Trump lançado pelos democratas.
O senador e ex-candidato presidencial Bernie Sanders, o rosto mais conhecido da ala esquerda do partido democrata, também reagiu à votação. Para ele, foi “um dia doloroso para a democracia americana”. Ao mesmo tempo que “aplaude” os seis republicanos que votaram pela aprovação da comissão de inquérito, mostrou-se “entristecido que tantos estejam tão intimidados por Trump”.
