Direita alemã anti-imigração ultrapassa CDU em eleição regional

05 de September 2016 - 0:14

A Alternativa para a Alemanha (AfD) estreou-se nas eleições deste domingo em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, no nordeste alemão, obtendo o segundo lugar e ultrapassando o partido da chanceler Angela Merkel no seu círculo eleitoral.

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Manifestação contra a política de asilo para os refugiados em 2015. Foto Metropolico.org/Flickr

O partido AfD, que centrou a sua campanha na crítica à política de Merkel sobre refugiados, obteve 20.8% dos votos, relegando a CDU para o pior resultado de sempre, com 19% (menos quatro pontos percentuais que na eleição de 2011). “Isto é uma bofetada na cara de Angela Merkel no seu próprio estado”, afirmou a líder do AfD, Frauke Petry, à estação pública ZDF. Ausente na China para participar na cimeira do G20, a chanceler alemã não reagiu ao resultado eleitoral. A tarefa coube ao secretário geral da CDU Peter Tauber, que reconheceu o “resultado amargo” e o peso do voto de protesto, lamentando que a AfD “tenha feito do extremismo de direita algo aceitável”.

O vencedor das eleições foi o SPD, com 30.6% (perdeu 5 pontos), que governava em coligação com a CDU. Os dois partidos mantêm a maioria dos assentos e o responsável da CDU já se mostrou disponível para renovar a coligação. O atual chefe de governo do SPD, Erwin Sellering, mostrou-se satisfeito com o resultado, tendo em conta que as sondagens davam pouco mais de 20% aos socialdemocratas, e deixou em aberto a política de alianças para formar governo, afirmando que irá dialogar com os restantes partidos.

O Die Linke obteve a quarta posição, com 13.2% e foi o partido com  maior quebra eleitoral (menos 5.2 pontos), enquanto os Verdes conseguem 4.8% (menos 3.9 pontos), e não ultrapassam a barreira para eleger deputados regionais. O mesmo aconteceu aos neonazis do NPD, que viram a sua votação cair para metade, de 6% para 3%, e saem do parlamento.

A participação neste ato eleitoral aumentou dez pontos, para 61.6% e o partido que fez do discurso anti-refugiados o centro da campanha – apesar da região acolher muito poucos refugiados, em comparação com os estados ocidentais – recolheu votos junto do eleitorado tradicional de todos os restantes partidos e sobretudo de abstencionistas.