Cientistas da Nova Zelândia criam sistema inovador de alerta de erupções vulcânicas

20 de July 2020 - 16:30

Através de inteligência artificial, o sistema lê dados em tempo real conseguindo, asseguram, prever a atividade vulcânica.

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Vulcão em White Island, Nova Zelândia. Foto de Krzysztof Belczyński/Flickr.
Vulcão em White Island, Nova Zelândia. Foto de Krzysztof Belczyński/Flickr.

Numa investigação publicada na revista Nature Communications a semana passada, um conjunto de cientistas neozelandeses informou que criaram um novo sistema de previsão de erupções vulcânicas que utiliza algoritmos e inteligência artificial de forma a analisar dados em tempo real.

À BBC, Shane Cronin, da Universidade de Auckland, um dos autores do estudo, disse que o sistema atual é “demasiado lento para providenciar avisos para as pessoas da ilha”. Ou seja, “os dados são recolhidos em tempo real mas o que tem tendência para acontecer é que esta informação é acedida por um painel e tem de haver uma análise de peritos... isto demora um pouco.” Considerando assim que o sistema atual “não avançou com o tempo”.

Só que o tempo pode custar vidas. Por isso, num país que assistiu em dezembro passado à morte de 21 pessoas devido à erupção do vulcão Whakaari, o anúncio gerou expetativas.

Os investigadores explicam que o sistema automático recebeu dados de nove anos de atividade vulcânica em White Island e, partir daí, aprendeu padrões que indicam quando uma erupção pode acontecer. Segundo eles, conseguiu prever quatro em cinco das últimas erupções nesta ilha e falhando apenas uma que, alegam, teve um tipo “diferentes sinal precursor” uma vez que “não envolveu magma, apenas uma erupção do sistema superficial”.

Por isso, estão seguros de conseguir “identificar os principais tipos normais de erupções” ao mesmo tempo que garantem estar a trabalhar para criar um “segundo modelo” para prever as erupções superficiais. E vão ainda mais longe, ao assegurarem que, se o sistema estivesse já implementado em dezembro, aquando da tragédia no Whakaari, os alertas teriam sido dados 16 horas antes da erupção, que na altura apanhou as autoridades de surpresa, se ter iniciado.

Por sua vez, a agência oficial de monitorização de vulcões do país, a GNS Science, não se revelou tão otimista, dizendo que este sistema será “potencialmente uma adição útil” aos seus mas que “tal como qualquer técnica ainda em desenvolvimento, ainda incorpora um alto nível de incerteza”, palavras de um dos seus responsáveis, Nico Fournier, ao portal informativo NZ Herald.