Sobrevivente do 27 de Maio lança livro

Lançamento de “Angola – o 27 de Maio – Memórias de um Sobrevivente”, de José Reis, será no sábado, dia 27, na casa de Goa, às 17 horas.

22 de maio 2017 - 11:43
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 Uma peça essencial para compor o puzzle do 27 de Maio
Uma peça essencial para compor o puzzle do 27 de Maio

José Eduardo Reis era um destacado militante do MPLA quando foi preso no dia 30 de maio de 1977, acusado de ser “fraccionista”. Só seria libertado dois anos e quatro meses depois, sem nunca ter sido julgado. Nesse período, esteve preso, foi torturado na cadeia de São Paulo, e depois internado num campo de trabalhos forçados. Um dia, chegou a cavar a própria sepultura, sendo salvo in extremis por uma contra-ordem. Amigo de Sita Valles, as suas memórias são uma peça essencial para compor o puzzle daquele evento fatídico da história contemporânea de Angola.

Este livro já era aguardado há muito pelos amigos, outros sobreviventes do 27 de Maio, e pessoas interessadas na história angolana. a editora é a Nova Vega. A Casa de Goa fica na Calçada do Livramento, nº 17

Aqui fica um pequeno extrato, escolhido pelo autor para o Esquerda.net:

«NÃO HAVERÁ PERDÃO!»

Esta sentença perversa provocou danos irreparáveis e perenes na sociedade angolana. O seu autor, ao ditá-la, inscreveu o nome numa das mais sombrias páginas da história de Angola, pois, ao proclamá-la, deu o mote à violação malvada, uma ofensa aos direitos humanos, vergonha que assolou o país e da qual ainda hoje padece. Tinha chegado a hora para mais um acerto de contas e a crueldade que sobreveio foi um flagelo que perdurou no país por décadas. Agostinho Neto propalou em voz alta a firme intenção de não perder tempo com julgamentos. Depois, valeu-se da propensão dos humanos para a selvajaria – Joseph Conrad em O Coração das Trevas admitiu a alteração comportamental de algumas pessoas quando as interdições sociais são suspensas – e mandou prender, torturar e matar os estorvos, fossem eles crianças, jovens, homens ou mulheres. Nem as grávidas tiveram melhor sorte. Estava-lhes destinada a morte, mesmo que para tal fosse necessário escondê-las e nesse horrendo cativeiro aguardarem pelo fim da gestação. Perseguiram-se famílias inteiras como se o parentesco fosse crime.

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