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Principais partidos catalães

Conheça os principais atores da cena política catalã, um pouco da sua história e os resultados que obtiveram nas últimas eleições para o Parlamento catalão.

Convergència i Unió (CiU, Convergência e União) – é uma federação de partidos políticos nacionalistas de direita, integrada pela Convergència Democràtica de Catalunya, de ideologia liberal e centrista e pela Unió Democràtica de Catalunya, de ideologia democrata cristã ou social-cristã.

Governou a Catalunha de 1980 até 2003, sob a presidência de Jordi Pujol, presidente da Generalitat da Catalunha até 18 de dezembro de 2003. Passou depois para a oposição ao governo de coligação tripartida formado pelo Partido Socialista da Catalunha, a Esquerda Republicana Catalã e a Iniciativa Catalã Verde. Em novembro de 2010, reconquistou a maioria e reassumiu o governo, presidido por Artur Mas. Nas eleições catalãs de 2012 teve 30,68% dos votos, elegendo 50 deputados.

Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) – é um partido político fundado em 1931 e atualmente também com presença na Comunidade Valenciana (como Esquerda Republicana do País Valenciano) e ilhas Baleares e no Rossilhão. De ideologia independentista catalã, embora originariamente federalista, apoia a independência dos territórios de língua catalã, os Países Catalães. Teve nas suas fileiras históricos políticos catalães como Francesc Macià, Lluis Companys ou Josep Tarradellas e desenvolveu um papel de destaque durante a Segunda República, na luta anti-franquista e na Transição espanhola. Fez parte, entre 2003 e 2010 dos dois governos da coligação tripartidária dirigida pelo PSC. Saiu bastante debilitada, com 6,95% dos votos nas eleições de 2010, quase metade das anteriores eleições. Nas últimas eleições da Catalunha, em 2012, porém, teve uma subida fulgurante, obtendo 13, 69% dos votos e elegendo 21 deputados, mais que duplicando a bancada parlamentar, passando a ser a segunda força em número de deputados.

Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC-PSOE) – é um partido social-democrata, catalanista e com dupla identidade nacional que defende publicamente o federalismo. Foi criado em 16 de julho de 1978 pela fusão dos três partidos socialistas existentes durante a Transição Espanhola na Catalunha. É um partido independente, ainda que parceiro do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do qual é a referência na Catalunha e com quem compartilha o grupo parlamentar no Congresso dos Deputados (não no Senado) e no Parlamento Europeu. Liderou os dois governos da coligação tripartidária entre 2003 e 2010, quando a CiU obteve a maioria suficiente para voltar ao governo. Tem no seu interior uma tendência nacionalista catalã, que defende maior autonomia para a Catalunha e a reformulação da relação com o Estado espanhol. Há quem, nesta tendência, se oponha à via federalista do partido, e defenda o direito à autodeterminação. No início de outubro de 2012, este setor tornou público um manifesto a favor de um Estado próprio para a Catalunha e um referendo pela independência. Nas eleições catalâs de 2012, o PSC teve 14,4% dos votos, elegendo 20 deputados.

Partido Popular Catalão – é a federação do Partido Popular na Catalunha. Foi fundado em janeiro de 1989 com o nascimento do Partido Popular, herdeiro de Aliança Popular. Anticatalansta ferrenho, foi contra o Estatuto de autonomia da Catalunha de 2006, fazendo campanha pelo "Não" no Referendo estatutário que se realizou a 18 de junho de 2006. Nas eleições catalãs de 2012, teve 13%, elegendo 19 deputados e passando a ser a quarta força política da Catalunha.

Iniciativa pela Catalunha Verdes-Esquerda Unida e Alternativa (ICV-EUiA) – é uma coligação eleitoral de esquerda e ecologista, criada em 2003 para concorrer às eleições da Catalunha pela Iniciativa per Cataluña Verds (ICV) e Esquerra Unida i Alternativa (EUiA). Além destes dois principais componentes, conta também com o apoio de outros grupos como Entesa pel Progrés Municipal (EPM) e, até 2007, o partido ecologista Els Verds-Esquerra Ecologista. O acordo estendeu-se também às Eleições ao Parlamento Europeu, mas acabou quando Raül Romeva, eurodeputado da ICV, ignorou o acordo de integrar no grupo da Esquerda Europeia/Esquerda Verde Nórdica, e aderiu ao Partido Verde Europeu. A coligação fez parte dos governos tripartidários catalães. Nas eleições catalâs de 2012 teve 9,90% dos votos, elegendo 13 deputados.

Cidadãos da Catalunha – é uma plataforma cívica e cultural impulsionada por um grupo de intelectuais catalães opostos ao nacionalismo catalão, que consideravam que as suas posições não nacionalistas não estavam representadas politicamente na Catalunha. Entre os seus fundadores estiveram quinze intelectuais e profissionais locais. Nas eleições catalãs de 2012 teve 7,58% dos votos, elegendo 9 deputados.

Candidatura de Unidade Popular – é um partido-movimento político de esquerda e independentista, com atividade na Catalunha e em Valência. Fundado em 14 de dezembro de 1986, defende o independentismo catalão, o socialismo, o municipalismo, a democracia participativa e o eco-socialismo. A CUP é organizada primordialmente em assembleias locais autónomas ao nível de localidade ou de bairro, onde as decisões são tomadas pelos seus militantes. A sua estrutura descentralizada resulta da defesa do municipalismo: a CUP considera que os governos municipais são "as únicas instituições controláveis pelo povo". A coordenação entre essas assembleias locais é feita pelas assembleias territoriais; estas elegem representantes para o Conselho Político, que coordena centralmente o partido.

A CUP defende a unidade dos territórios de língua catalã, acreditando que estes devem ter o direito de constituir uma república independente, de acordo com os princípios da autodeterminação. A CUP é também fortemente a favor da língua catalã, considerando que esta deve ser a língua "preferencial e comum" nas zonas onde é tradicionalmente falada. Nas eleições catalâs de 2012 teve 3,48% dos votos, elegendo 3 deputados.

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Neste dossier:

Catalunha a caminho da independência?

A Catalunha pode vir a separar-se do Estado espanhol? A pergunta tem toda a atualidade, depois de 2 milhões de pessoas se terem manifestado em Barcelona a 11 de setembro, sob a bandeira da independência e quando as sondagens indicam um crescimento em flecha dos que defendem o estado independente, que são já maioria. Neste dossier, organizado por Luis Leiria, procuramos apresentar um panorama da questão.

Cronologia recente da Catalunha

Em julho de 2006, apenas 14,9% dos catalães eram a favor de um Estado independente. Mas seis anos depois, já são 44,3% os que querem que a Catalunha seja independente. Veja alguns dos acontecimentos que provocaram esta mudança.

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Que acontece na Catalunha?

O sistema do Estado autonómico espanhol é uma armadilha que se estabelece sobre a base de prometer direitos que depois não são concedidos, diz o historiador catalão Josep Fontana, que se declara favorável à independência da Catalunha sob certas condições. Entrevista realizada por Enric González

Que aconteceu nas eleições catalãs?

Falta uma coligação ampla de esquerda que explicite um discurso de classe diante do establishment financeiro, económico, político e mediático catalão, o maior responsável pelo subdesenvolvimento social da Catalunha. Para que essa coligação se faça será necessária uma profunda transformação dos partidos existentes, estimulados pelo aparecimento do movimento radical CUP. Por Vicenç Navarro, Público.es

Artur Mas, o “messias” sem povo

Caiu a máscara do da CiU, por mais que se disfarce de independentista. Apareceu como é: a cabeça visível de um partido conservador, fiel ao mundo empresarial e que sempre defendeu o atual marco constitucional. Por Esther Vivas, Público.es

Pelo direito da Catalunha a decidir o futuro e a independência

A extraordinária mobilização vivida em Barcelona por ocasião da “Diada” confirmou a enorme ascensão do sentimento independentista entre a população catalã. Nem sequer a opção federalista aparece já como uma alternativa credível, enquanto. Por Jaime Pastor

A Cataluña vai-se embora... para a Europa

Os catalães apontam para a maré genericamente independentista e especificamente soberanista. O dilema visto por um basco. Por Ramón Zallo, Viento Sur

Quim Arrufat: "Não somos nacionalistas conservadores, somos independentistas de classe"

Para um dos novos deputados das Candidaturas de Unidade Popular (CUP), a soberania catalã tem de ser uma ferramenta de transformação social para as classes populares, e portanto deverá ter conceção política totalmente integradora, multicultural.

Oriol Junqueras: "É viável referendar a independência em 2014"

Em entrevista ao esquerda.net, o líder da Esquerda Republicana Catalã (ERC) afirma que o problema dos cortes orçamentais não será resolvido enquanto a Catalunha não dispuser de todos os recursos gerados na região, “que a cada ano são levados pelo Estado espanhol”.

Estamos perante o fim da articulação da Catalunha e de Euskadi na atual Constituição

Para Joan Herrera, líder da Iniciativa pela Catalunha Verdes - Esquerda Unida e Alternativa, a esquerda tem de ser capaz de propor uma alternativa à CiU a partir da denúncia do austericídio e da defesa do direito a decidir. Por Gustavo Buster, Ernest Urtasun e Antoni Domènech, Sin Permiso.