A mulher ocupa um lugar relevante na obra de Alves Redol, sendo, em alguns romances, a personagem principal, o que é uma novidade na literatura portuguesa.
Vejamos alguns tipos de mulheres nas obras de Redol:
Gaibéus: Rosa, a ceifeira que o patrão deseja.
Ti Maria do Rosário, a velha doente que tem de continuar a trabalhar para sobreviver.
“Gaibéua de olho azul”, que se entrega, por amor, ao campino fandanguista.
Marés: D. Sofia, a mulher pequeno-burguesa, dona de casa, esposa submissa do comerciante Francisco da Silva Diogo, que tem uma amante, de cuja existência aquela é conhecedora.
Avieiros: Olinda Carramilo, a mulher avieira que, como todas as mulheres avieiras, além de ajudar o marido na faina do rio, remando o saveiro, enquanto o marido lança e recolhe as redes e o peixe pescado, trata dos filhos e da “casa”, isto é, do barco.
Olinda é uma mulher lutadora, que lidera a família e incentiva os avieiros que querem juntar-se para trabalhar em comum e é a personagem central do romance.
Ciclo do Port-Wine: Gracinda é uma mulher livre, que luta pelo seu amor, apesar de ser casada com outro homem e que luta pelos interesses dos durienses.
Participa na manifestação contra as medidas do Governo que podem liquidar o Douro. Transporta uma tarja que tem escrito “O Doiro morre á fome” e é morta por um tiro da tropa, quando marcha à cabeça do cortejo dos durienses.
A Barca dos Sete Lemes: Mariana, a amante do taberneiro Mula Brava, mais nova do que ele, mulher livre, que seduz o jovem Alcides.
Cavalo Espantado: Jadwiga, judia austríaca, rica, mulher livre, culta, embora afectada.
Barranco de Cegos: Maria do Pilar desafia o pai, o senhor de Aldebarã, namoriscando o domador de cavalos. O pai castiga-a desterrando-a para terras suas, longínquas e manda matar o criado.
O Muro Branco: Alice Gilvaz, dona de casa, que tenta proteger o filho da tirania do marido, Zé Miguel, o qual tem várias amantes. Zulmira, uma das amantes, vive à custa dele, tal como a mãe dela sempre vivera à custa de amantes ricos.
Os Reinegros: Júlia e Alfredo, trabalhadores em Lisboa, vivem juntos e têm um filho.
Mas os feitios não se dão e, sem drama, separam-se.
Forja: “Mãe”,mulher de meio rural submissa, dona de casa, começa a tomar consciência da necessidade de se opôr a “Pai” Malafaia, quando os filhos começam a morrer tuberculosos, sucessivamente, devido ao excesso de trabalho a que o pai os submete. Revolta-se e acaba por matar o marido, fugindo com o único filho que se mantem saudável.