Está aqui
Glossário do referendo
1. Quem é quem?
Campanha do SIM:
Scottish National Party (SNP)
Partido maioritário no parlamento e atual governo escocês, eleito com a promessa de marcação de um referendo durante o mandato.
Originalmente bastante conservador, tem virado progressivamente à esquerda desde 1979. A união em torno de um único assunto principal, o nacionalismo, valeu-lhe frequentemente a desconfiança de setores da esquerda. Essas desconfianças e críticas, apesar de se manterem, foram neste momento postas de parte para unir forças no referendo.
Alex Salmond e Nicola Sturgeon são, respetivamente, o Primeiro Ministro e a Vice-Primeira Ministra escoceses. Ele com uma popularidade oscilante, ela com uma popularidade crescente, são as duas caras principais do governo na campanha, seguidos de Humza Yussaf, deputado do Parlamento Escocês eleito por Glasgow e Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo local.
Yes Scotland
Campanha aglutinadora, lançada pelo governo. Nela participam todos os grupos, mesmo aqueles de organização paralela independente, como a RIC. Inclui diversos grupos e organizações setoriais como as Mulheres, os Empresários, os Ingleses, os Pescadores, os Asiáticos, as pessoas LGBTI, os Africanos, os Académicos, os Sindicalistas, os Advogados, os Irlandeses, os ativistas contra o armamento nuclear, a claque do Hibernia FC e assim por diante, incluindo o setor do Labour escocês que apoia a independência.
A campanha tem apostado no trabalho junto das populações, com comícios, sessões de esclarecimento constantes, bancas, distribuições de materiais, debates, artigos de jornal, livros, ou eventos culturais. A sua presença é muito visível, um pouco por toda a parte. Paralelamente, também têm marcado presença em eventos de outros temas que consideram ser parte da resposta diferente que uma Escócia independente terá para dar, como por exemplo, nas manifestações de solidariedade sobre a Palestina.
Radical Independence Campaign (RIC)
Campanha integrada nas iniciativas comuns mas com um programa de extrema-esquerda assumido, republicano e radical. Na RIC estão também alguns dos partidos de esquerda, como o Scottish Greens, com assento parlamentar local, ou o Scottish Socialist Party (SSP), responsável pela “Declaração de Calton Hill” (cf. Cronologia neste dossier). A RIC tem sido responsável pela publicação de inúmeros materiais, em colaboração com a editora de esquerda World Press Books.
National Collective
Responsáveis, entre outras coisas, pela organização do “Yestival” (Festival do Sim), o National Collective é iniciativa de artistas de várias áreas, juntos pelo projeto de independência. O seu objetivo principal tem sido lançar o desafio de “imaginar uma Escócia melhor”, que têm levado, numa carrinha, um pouco por toda a parte, de Edimburgo às aldeias geralmente esquecidas pelas grandes campanhas. O National Collective, enquanto tal ou pela mão de artistas que pertencem ao grupo, teve um presença muito forte também nos festivais do mês de Agosto em Edimburgo, com eventos diários muito participados onde se discutia ideias para a Escócia pós-referendo.
Reid Foundation - Common Weal
Fundação destinada à continuação do legado de James Reid, sindicalista escocês. Recentemente, lançaram a iniciativa “Common Weal”, com o objetivo de escrever um “documento que visa o desenvolvimento de uma ideia de Escócia”, integrando gente de toda as esferas da sociedade. Como slogan, “todos nós primeiro”, por uma substituição de uma sociedade individualista por outra em que o coletivo esteja no centro.
Campanha do NÃO:
Better Together
Sob o slogan “pelo melhor de dois mundos”, a campanha do Better Together é encabeçada pelo ex-chanceler do Labour, Alistair Darling e engloba a maior parte dos partidos e indivíduos pelo NÃO. Nela está a maioria do Labour, o Scottish Conservative Party e o Scottish Liberal Democrats. Apostando muito pouco nas ações de rua ou nas sessões de esclarecimento, a campanha faz-se principalmente por artigos diários nos jornais e pelo apoio público de figuras mediáticas (como JK Rowling, que doou um milhão de libras à campanha). Dada a função ingrata de responder a um leque de propostas apelativas (ainda que consideradas utópicas por muitos) do lado do SIM, a campanha passou a ter como alcunha “Projeto do Medo”, imagem que tem tentado mudar através de propostas positivas do que pode ser a Escócia, nomeadamente uma maior devolução de poderes, que passou a estar em cima da mesa depois da marcação do referendo.
Red Paper Collective e George Galloway
O Red Paper Collective (composto por 18 pessoas) e George Galloway são as vozes mais ativas que representam, independentemente, a “esquerda pelo NÃO”. A preocupação central é a de que uma separação do país se traduza no enfraquecimento do movimento sindical e que, depois da independência, o SNP se revele mais à direita do que parece agora. Estas posições são subscritas por alguns dos sindicatos afetos ao Labour, mas sem campanha organizada. Como forma de campanha, Galloway embarcou numa digressão pela Escócia com o espetáculo “Just Say Naw”, onde apresentava a sua argumentação contra a independência.
Outros: Ordem de Orange e os grupos fascistas English Defence League e Scottish Defence League
Grupos de Lealistas, e grupos de extrema-direita que fazem a sua própria campanha, marginal, pela União. A Ordem de Orange tentou integrar o Better Together mas a proposta foi recusada. Em vez disso, tem marcada uma marcha pelo centro de Edimburgo uns dias antes do referendo.
2. Sítios
Dungavel
Dungavel Immigration removal Centre é um centro de detenção de imigrantes gerido pelo serviço de fronteiras e pelo Ministério da Administração Interna, ambos do Reino Unido. Está instalado na Escócia, onde é encarado como uma prisão desumana, principalmente por deter crianças durante longos períodos de tempo, o encerramento de Dungavel é uma das reivindicações da campanha do SIM e do programa do SNP para depois da independência.
Falsane - Trident
Base naval real no rio Clyde, perto de Glasgow. É na base de Falsane que está o armamento nuclear britânico, parte do programa de submarinos com mísseis nucleares. O nome “Trident” refere-se tanto ao tipo de mísseis como ao programa nuclear do Reino Unido, anunciado em 1980 por Margaret Thatcher e o então presidente americano Jimmy Carter, e posteriormente instalado na Escócia.
Holyrood
Metonímia para o Parlamento Escocês, sediado na zona de Holyrood desde a transferência das instalações provisórias em 2004. Do outro lado da rua, fica o Palácio de Holyrood, residência oficial da Rainha.
3. Meios de comunicação
Muitas vezes sediada em Londres, a imprensa tem estado do lado da campanha do NÃO, por vezes assumidamente, como o é caso do Guardian, jornal tendencialmente ligado ao Labour. Mesmo o Scotsman, jornal principal na Escócia, só muito recentemente começou a publicar notícias neutras ou favoráveis à independência. Por isso, os blogues, panfletos, livros ou sites dedicados à discussão do lado do SIM multiplicaram-se nos últimos dois anos e meio. Deixamos abaixo uma lista dos mais importantes.
Revista online com inúmeros colaboradores de origens diversas, tem sido o palco principal de discussão dos vários aspetos da independência nos últimos dois anos.
Word Power Books
Editora de livros e livraria independente, com sede em Edimburgo mas vendas online para todo o mundo. Responsável pela edição da maior parte dos livros de reflexão à esquerda sobre a independência.
Editora independente especializada em “perspetivas progressistas e críticas na política e ciências sociais”. Com sede em Londres, tem publicado livros para a campanha radical do SIM.
Canal de vídeo online dedicado a palestras de cinco a dez minutos sobre a independência, feitas por ativistas de todos os quadrantes da campanha do SIM.
Site que acompanhou o espetáculo com o mesmo nome, posto em cena pelo dramaturgo e encenador David Greig no festival de Edimburgo. Diariamente, David entrevistou gente envolvida na campanha do SIM sobre assuntos por vezes esquecidos. Todos os espetáculos estão (ou vão estar em breve) disponíveis em podcast.
Com sede em Glasgow, é uma associação de realizadores, artistas e ativistas que filmam documentários sobre direitos humanos e política em geral. Os filmes têm como público principal as comunidades com menor acesso à informação.
Blogue dedicado à independência, útil, principalmente, pela série de seis artigos intitulados “Holding Scotland Fast”, que relatam a história da Escócia até aos dias de hoje.
Adicionar novo comentário