No Fórum Socialismo 2014, que decorre este fim de semana em Évora, Francisco Louçã participou na sessão “Vinhas da Ira” e dissertou sobre o romance de John Steinbeck, com esse título, e sobre o filme de John Ford. Ambas as obras retratam a Grande Depressão de 1929 nos Estados Unidos e as terríveis consequências sociais que teve. Louçã comparou essa situação com a portuguesa na atualidade e afirmou: “Há uma proximidade no sentido em que cada relatório do FMI insiste na flexibilização do mercado de trabalho, ou seja, reduzir o papel dos sindicatos, da contratação coletiva e tornar o salário um fator decidido pelo empregador”.
No final da sessão, Francisco Louçã disse aos jornalistas: “Um país que tem 20 anos de protetorado pela frente não é uma democracia ou é uma democracia pequenina, sem nenhum sentido, sem esperança, sem respeito pelas pessoas”.
O dirigente bloquista realçou também: “É preciso rejeitar a austeridade, responder à Europa com muita clareza e sem cobardia para mostrar que Portugal precisa de defender o emprego e tomar decisões soberanas”.
“Um país que tem 20 anos de protetorado pela frente não é uma democracia ou é uma democracia pequenina, sem nenhum sentido, sem esperança, sem respeito pelas pessoas”.
Segundo a Lusa, Louçã foi questionado pelos jornalistas sobre a situação interna do Bloco e respondeu: “Comentários sobre a vida do Bloco são os porta-vozes do Bloco que fazem, não sou eu”. E, acrescentou ainda: “Eu não vou discutir nenhum assunto que diga respeito às decisões democráticas que o Bloco tem que tomar no seu contexto”.
Francisco Louçã afirmou no entanto que “é preciso uma esquerda forte” em Portugal, que o Bloco “dará um enorme contributo para essa esquerda forte, capaz de responder às dificuldades do país” e sublinhou que o partido “tem que passar pela luta e é assim que se faz, é preciso aprender na luta. É assim que temos feito sempre ao longo da vida e é por isso que eu confio na capacidade do Bloco de responder”.
Sobre o orçamento retificativo, Francisco Louçã disse que “contempla a maior fatura de impostos da História de Portugal”, de 37 mil milhões de euros, salientou que isto pressiona “a continuação de uma situação de recessão e de desemprego e, portanto, de desarmamento, de destruição da economia portuguesa”, referiu que “Portugal está a perder com esta austeridade” e defendeu que “era preciso sensatez a nível da Europa e não a desistência que a Europa tem tido em relação às pessoas”.
O Fórum Socialismo 2014 termina domingo, sendo a sessão de encerramento às 16h e nela intervindo a coordenadora do Bloco, Catarina Martins.