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Cultura voltou a ter Ministério, mas continua sem orçamento

As verbas para a Cultura no Orçamento de Estado para 2016 caem 3 milhões em relação ao orçamentado no ano passado, se retirarmos o efeito da entrada da RTP no Ministério da Cultura. O governo promete aumentar o nível de execução que teve o seu antecessor, mas é inegável que este Orçamento mantém o subfinanciamento que degrada os serviços públicos culturais.
Foto Paulete Matos

O OE2016 inscreve 418 milhões para o Ministério da Cultura, o que equivale a cerca de 0,22% do PIB. São mais  239 milhões do que teve a anterior Secretaria de Estado, que ficava nos 0,11% do PIB. Mas sucede que a alteração na orgânica do governo colocou a RTP dentro do Ministério da Cultura e faz por lá passar a CAV (Contribuição para o Audiovisual), que é receita da RTP. Contas feitas, ou seja, tirando a RTP para que se possa comparar orçamentos, para a Cultura ficam 179 milhões de euros, menos 3 milhões do que estava orçamentado em 2015. E não vale culpar a RTP pela descida, porque aqui a receita e despesa mantêm-se igual ao que eram.

O orçamento para a Direção Geral do Património Cultural ficará nos 33 milhões de euros, para o Instituto do Cinema e Audiovisual em 20 milhões, Direção Geral das Artes com 16 milhões e a Direção Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas com 13 milhões de euros. Teatros Nacionais e Cinemateca, juntos, não vão além dos 32 milhões de euros. Mantém-se, grosso modo, o nível de financiamento dos últimos anos. Um sub-financiamento que provocou degradação dos serviços públicos de cultura; Bibliotecas sem periódicos, Teatros sem programação e Museus sem equipas nem exposições.

O governo afirma que conseguirá, ainda assim, um ligeiro acréscimo de financiamento à cultura por via da execução. A Cultura tem sido sempre alvo de fortes restrições à execução do orçamento e, em 2015, a execução orçamental terá ficado 24 milhões de euros abaixo do orçamentado. João Soares, Ministro da Cultura, afirmou publicamente que irá conseguir uma execução acima dos valores de 2015 mas nenhuma norma orçamental consagra essa intenção.

O Bloco de Esquerda inclui uma proposta de alteração ao Orçamento de Estado para que seja obrigatória uma execução orçamental superior à de 2015 em todas as áreas da tutela da cultura. Esta proposta não pretende substituir a exigência de 1% do PIB para a Cultura, que o Bloco mantém como referência, e apenas visa garantir que nenhum dos organismos e setores da cultura é prejudicado em 2016, face ao ano anterior.

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Neste dossier:

Orçamento do Estado 2016

A proposta de Orçamento do Estado para 2016 está agora em debate na especialidade. Apesar das alterações que Bruxelas obrigou o governo a fazer, trata-se do primeiro orçamento dos últimos anos que recupera rendimentos para a maior parte das famílias e não ataca a Constituição. Dossier organizado por Luís Branco.

O que muda no Orçamento para 2016

A proposta de Orçamento de Estado para 2016 confirma a reposição de rendimentos negociada entre o PS e o Bloco para a viabilização do governo. O esquerda.net mostra as medidas com impacto orçamental nos próximos meses.

O que propõe o Bloco no Orçamento para 2016?

A proposta de Orçamento do governo cumpriu o acordo entre o Bloco e o PS e a bancada bloquista já anunciou que votará a favor. Mas não abdica de propor e bater-se-á pela aprovação de mais de 30 medidas que correspondem ao compromisso assumido com mais de meio milhão de eleitores.  Leia aqui as propostas do Bloco de Esquerda traz ao debate na especialidade.

Tarifa Social de Energia: a proposta do Bloco

Veja aqui como o Bloco de Esquerda propõe baixar a fatura da eletricidade e do gás a um milhão de famílias pobres em Portugal, com os custos a serem suportados pelos lucros da EDP e não pelos contribuintes.

Infografia: Devolução de rendimentos e impacto do acordo à esquerda

Veja aqui alguns gráficos com a variação nos impostos e nas prestações sociais deste Orçamento de Estado para 2016, bem como a comparação entre o que foi conseguido através do acordo do Bloco com o PS e o que previam fazer os programas do PS e do PSD/CDS.

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Défice estrutural: magia negra

Alguém sabe exatamente como se calcula o indicador que determina as nossas vidas? Se tiver a paciência necessária para ler este texto, gostaria de tentar provar a seguinte tese: o saldo estrutural é uma abstração teórica, de impossível verificação. Por Mariana Mortágua.

Moody’s censura medida imposta por Bruxelas ao OE2016

A agência de rating norte-americana diz que a aprovação do Orçamento do Estado é um fator “positivo” para uma eventual revisão em alta do rating da dívida portuguesa. E critica o abandono forçado pela Comissão Europeia da descida da TSU para trabalhadores com salários mais baixos.

Donos dos fundos imobiliários perdem isenção no IMI e apelam ao regresso da direita

O fim da isenção do IMI e do IMT aos fundos imobiliários vai permitir aos contribuintes recuperarem 50 milhões de euros. A associação que os representa reagiu à retirada deste brinde fiscal com um apelo ao voto no PSD e no CDS nas próximas eleições.