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Clara Zetkin (1857-1933)

Clara Zetkin nasceu em Eissner Wiederau, uma aldeia camponesa na região da Saxónia, Alemanha. O seu pai, Gottfried Eissner, mestre e organista da igreja, foi um protestante devoto, enquanto a sua mãe, Josephine Vitale Eissner, veio de uma família burguesa de Leipzig e tinha formação superior.

Tendo estudado para se tornar professora, Zetkin desenvolveu ligações com o movimento das mulheres e com movimento operário na Alemanha de 1874. Em 1878, entrou para o Partido Socialista dos Trabalhadores (Sozialistische Arbeiterpartei, SAP).

Este partido foi fundado em 1875 pela fusão de duas partes anteriores: o ADAV formado por Ferdinand Lassalle e SDAP de August Bebel e Wilhelm Liebknecht. Em 1890 o seu nome foi mudado para o que se tornou a sua versão moderna - Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).

Por causa da proibição por Bismarck, em 1878, instituída à actividade socialista na Alemanha, Zetkin partiu para Zurique em 1882, e em seguida partiu para o exílio em Paris. Durante o tempo passado em Paris, ela desempenhou um papel importante na fundação do grupo socialista da Internacional Socialista.

Na altura adoptou o nome do seu amante, o revolucionário russo Ossip Zetkin, com quem teve dois filhos, Kostja e Maxim. Ossip Zetkin morreu em 1889. Mais tarde, Zetkin foi casada com o artista Georg Friedrich Zundel, dezoito anos mais novo que ela, de 1899 a 1928.

No SPD, Clara Zetkin, juntamente com Rosa Luxemburgo, sua amiga íntima e confidente, foi uma das principais figuras da esquerda revolucionária do partido. No debate sobre o revisionismo na virada do século XX, ela, juntamente com Luxemburgo, atacou as teses reformistas de Eduard Bernstein.

Zetkin estava muito interessada na política feminista, incluindo a luta pela igualdade de oportunidades e o direito de voto das mulheres. Ela desenvolveu o movimento social-democrata de mulheres, na Alemanha; entre 1891-1917 editou o jornal de mulheres do SPD “Die Gleichheit” (Igualdade). Em 1907 Zetkin tornou-se líder do recém-fundado "Instituto da Mulher" no SPD.

Clara Zetkin lançou as bases para o primeiro "Dia Internacional da Mulher", a 8 de Março de 1911, tendo proposto a ideia no ano anterior, em Copenhaga, aquando da II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, no sítio que mais tarde se tornou o Ungdomshuset (uma espécie de casa cultural e ponto de encontro para grupos autónomos e de esquerda).

Durante a I Guerra Mundial, Zetkin, juntamente com Karl Liebknecht, Rosa Luxemburgo e outros políticos influentes do SPD, rejeitou a política do partido de Burgfrieden (uma trégua com o governo, prometendo abster-se da marcação de greves durante a guerra).

Entre outras actividades anti-guerra, em 1915 Zetkin organizou uma Conferência Socialista Internacional de Mulheres Anti-Guerra, em Berlim. Por causa da sua postura anti-guerra, foi presa várias vezes durante a guerra.

Em 1916, Zetkin foi uma dos co-fundadores da Liga Spartaquista e do Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD), que se separou em 1917 do seu partido mãe, o SPD, em protesto contra a sua posição pró-guerra.

Em Janeiro de 1919, depois da Revolução alemã em Novembro do ano anterior, o KPD (Partido Comunista da Alemanha) foi fundado e Zetkin também se juntou a este e representou o partido entre 1920-1933 no Reichstag.

Em 192, Clara Zetkin entrevista Lenine sobre "A Questão da Mulher".

Até 1924, Zetkin foi membro do escritório central do KPD. De 1927 a 1929, foi membro do comité central do partido, tendo também integrado o Comité Executivo da Internacional Comunista (Comintern) de 1921 a 1933. Em 1925 foi eleita presidente da organização de solidariedade alemã de esquerda, a Rote Hilfe.

Em Agosto de 1932, como presidente do Reichstag por antiguidade, Zetkin convocou todos a lutar contra o nacional-socialismo.

Quando Adolf Hitler e o seu partido Nacional-Socialista Alemão chegaram ao poder, o Partido Comunista da Alemanha foi banido do Reichstag, após o incêndio do Reichstag, em 1933.

Clara Zetkin exilou-se pela última vez, desta vez na União Soviética. Aí morreu, no Archangelskoye, perto de Moscovo, em 1933, com quase 76 anos. Foi enterrada junto ao muro do Kremlin, em Moscovo.

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Neste dossier:

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Mulheres imigrantes

“Nem todas as mulheres latino-americanas, chinesas ou muçulmanas estão oprimidas, nem todas as mulheres europeias estão libertadas”.

“Agora há mulheres em todo o mundo que se reconhecem como feministas”

O Esquerda.net entrevistou a feminista italiana Nadia Demond que contou como será a III Acção Internacional da Marcha Mundial das Mulheres em 2010, o ano do centenário do Dia Internacional da Mulher.

O Tratado de Lisboa e a (ausente) perspectiva de género na UE

A falta de uma perspectiva de género no Tratado de Lisboa e nas políticas da UE é o tema da intervenção de Eva-Britt Svensson, do Partido da Esquerda sueco, no Fórum Social Europeu em Malmö (2008).

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Thoraya Obaid: “Temos de fazer o que está escrito”

Thoraya Obaid disse em entrevista a Thalif Deen que a comunidade internacional deve destinar os recursos adequados para lutar contra a desigualdade de género, “mas não podemos ficar nas palavras”.

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“Que vivências, que memórias de lutas colectivas conduziram a este momento – 8 de Março de 1857, Nova Iorque, operárias têxteis nas ruas?”

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Dia Internacional da Mulher: em busca da memória perdida

Da luta das mulheres socialistas americanas às trabalhadoras da revolução russa, de Clara Zetkin a Alexandra Kollontai, esta é uma intrigante pesquisa em busca dos elos perdidos da história do 8 de Março.

Clara Zetkin (1857-1933)

Figura de destaque do movimento operário alemão e internacional, marcou notavelmente as lutas do movimento feminista. No SPD, Clara Zetkin, juntamente com Rosa Luxemburgo, foi uma das principais figuras da esquerda revolucionária do partido.