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Últimos dias
Poucos dias nos separam agora da primeira volta das eleições. O voto confirmará que a alternância à esquerda está em curso. A derrota de Sarkozy já começou a criar fissuras profundas no edifício da UMP, envolvido numa guerra de cúpula cuja resolução dificilmente poderá ser pacífica. A linha dura continua a dominar o partido ex-presidencial, aplicando uma política extremamente perigosa de concorrência com a extrema-direita que o leva por vezes a substituí-la, outras a legitimá-la. Esta orientação de extrema-direitização foi derrotada nas presidenciais, sê-lo-á também nas legislativas. Uma campanha de algumas curtas semanas entrecortadas de pontes entre feriados, não pode inverter a relação de forças no país. Além disso, a eleição de domingo vai ocorrer antes que qualquer balanço da ação governamental possa ser feito. Não ocorreu qualquer acontecimento que possa fazer mudar de ideias um número significativo de eleitores, depois da vitória da esquerda nas presidenciais. Mas esta nova configuração na direita muda o que vem na sequência. A oposição ao governo socialista eleito nestas legislativas vai ser firmemente instalada em terras ideológicas do Front National. E o espaço de conquista deste último alargado.
Face ao perigo reforçado, é preciso uma alternativa reforçada à esquerda. É necessária porque a crise vai passar por novos sobressaltos e aprofundamentos. A Grécia não vai pagar a dívida. Quando o dissemos, desde o primeiro dia, olharam-nos de alto como incrédulos incapazes de admitir a terrível eficácia dos remédios do bom doutor Strauss-Kahn à frente do FMI. Mas a verdade é que tínhamos razão e mesmo os bancos tiveram de admiti-lo, reconhecendo a perda de uma parte dos seus empréstimos. Ainda não acabaram de fazê-lo, e alguns já estão agarrados ao défaut grego. Que dirão quando o mesmo começar a acontecer em Espanha? Até agora, a única resposta dos dirigentes da União é a fuga em frente na Europa austeritária. Vão persistir nela enquanto um povo não conseguir detê-los. Porque esta linha é um triunfo político para eles. Antigos banqueiros ultraliberais assumem as funções europeias, veem ampliar-se as suas prerrogativas com a crise e encontram-se mesmo à frente de governos! Mas, para as nossas sociedades, o desastre está no fim do caminho. A menos que haja uma mudança de itinerário. Ora, para que ela exista é preciso um instrumento político capaz de organizar a bifurcação que será a saída positiva para o impasse.
O rio acaba sempre por escavar o seu curso. Quem teria dito que na Grécia um dos componentes de uma outra esquerda mortalmente dividida, pequeno partido originalmente tão afastado de qualquer ambição governamental, se tornaria a alternativa à esquerda e ultrapassaria os socialistas inoxidáveis do Pasok? Mas quantos sofrimentos inúteis durante esta longa marcha para a alternativa! Em França, podemos ir bem mais depressa graças à existência da Frente de Esquerda. Quatro milhões de vozes reunidos numa orientação combativa e clara. Uma união que continua a crescer e torna-se um agrupamento popular. No próximo domingo, ela pode confirmar o seu peso. Pode também ficar em posição de conseguir deputados que serão instrumentos de resistência em grande número, dando confiança à possibilidade de um agrupamento maioritário contra a finança. Se conseguirmos, tudo vai mudar!
Artigo publicado no site do Parti de Gauche de França.
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net
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