Vítor Franco

Vítor Franco

Dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Energia e Águas de Portugal, SIEAP.

Talvez o dia 21 motive algo de positivo aos vários governantes de vários países da Europa que estão a expulsar os refugiados que cá chegam, fugidos da fome e da guerra, devolvendo-os ao mar, à morte, ou às ditaduras a quem os países europeus pagaram para lá expulsar os seres humanos refugiados.

A teoria da guerra como solução para o combate ao extremismo falhou. Mais uma vez se prova que ideias não se combatem com armas, que o populismo extremista ocidental não só não combate o extremismo fundamentalista, terrorista e religioso, como o faz crescer exponencialmente.

A recente onda de violência, desencadeada pela extrema-direita inglesa, contra pessoas imigrantes e refugiadas partiu da informação – falsa – de que o assassino das três crianças era um refugiado. A pós-verdade, transformada em mentira, só cria ódio e transforma pessoas em carneiros!

Os governos do centro político disseram sempre que “ninguém é ilegal” e negaram-se a dar “papéis para todos”. Quase sem vistos nos países de origem os imigrantes ficaram entregues às redes de tráfico humano. As consequências são dramáticas.

Ser idoso não pode ser o resto de um trabalhador que já não consegue vender a sua força de trabalho ou o resto de um ser humano sem dinheiro! A dita democracia liberal em que vivemos não é a que a dignidade e os direitos humanos exigem.

Quando algo corre mal o Estado tem responsabilidades de salvar ou proteger bancos e multinacionais, quando o rio dos lucros corre mais do que a “chuva na Escócia” aí a economia tem de ser livre e liberal.

O encerramento da central térmica de Sines tornou mais visível uma outra face da administração da EDP: o abuso sobre os seus próprios trabalhadores!

Um grupo de milionários propôs aumento de impostos para os mais ricos. Os governos dos próprios países não querem que eles paguem. Preferem manter o sistema, os offshores, as fugas aos impostos legalizadas, o dumping social.

A transição energética é só um negócio empresarial milionário e quem fica sem trabalho [as vítimas da transição] come com a família de onde, paga a renda de casa de onde?

A burguesia “fez da dignidade pessoal um valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas com tanto esforço, pela única e implacável lei do comércio”. Isto escreveram Marx e Engels, no Manifesto Comunista em fevereiro de 1848. Foi aqui que a minha reflexão veio parar!