O mundo resolveu lançar-se numa corrida aos armamentos, todos se querem preparar para a guerra – sem ninguém estar a tentar criar bases sólidas de paz, diálogo e cooperação.
As lideranças europeias querem “Rearmar a Europa” mobilizando 800 mil milhões de euros. Uau, eu a pensar que as tragédias ambientais como as inundações em Espanha, os incêndios em Portugal e na Grécia, a mortandade de imigrantes a morrerem afogados no Mediterrâneo, a gigantesca crise de falta de habitação na Europa ou a degradação da saúde pública eram as prioridades…
“Rearmar a Europa” é preciso, dizem, a “capa” é a Ucrânia. Macron aproveita a oportunidade para limpar a face da crise francesa e do desastre que é a sua presidência e pretende alargar o chamado escudo de armas nucleares. A proposta francesa fomentou uma narrativa insistente e aparentemente irracional, já se fala na TV de como se faz um ataque e contra-ataque nuclear contra a Rússia. Discutem-se táticas de lançamento de mísseis com ogivas nucleares, submarinos e aviões, ataca daqui, defende dali… Como se uma guerra nuclear não significasse dezenas ou centenas de milhões de mortos, outros tantos milhões de pessoas com deficiência durante gerações, metade do planeta destruído e sem condições de vida humana - se não fosse também o planeta todo...
As TVs pululam de analistas militares, especialistas de geopolítica internacional, comentadores e “descomentadores” (…) todos falam na necessidade de investir em armamento.
O humanismo, a esquerda, a dignidade, a civilização, têm de se opor a esta narrativa!
O cúmulo atinge-se agora com a intenção das despesas militares deixarem de contar para os défices dos Estados europeus. Macron está nessa linha da frente – claro, a França é dos principais produtores de armas da Europa! Fazer um hospital para salvar vidas não pode ser que afeta o défice, para matar vidas já não é problema não conta para o défice!
Alô senhor António Costa, não é o senhor que se diz socialista? Macron est-il votre nouvel ami?
O negócio vai de vento em popa. “As 100 maiores empresas produtoras de armas do mundo registaram lucros de quase 600 mil milhões no ano passado, beneficiando das guerras em Gaza e na Ucrânia e de uma situação geopolítica geralmente tensa”.
Até o comentador que não comenta, candidato sem se candidatar, almirante castiga marinheiros, considera que Portugal pode ser afetado pelas ações da Rússia “daqui a dois, três anos, de forma gravíssima”, e reforça, “Só no ano passado fizemos mais de 40 ações de seguimento de navios russos nas nossas águas”… Claro que os russos “fugiram logo com medo”, ou lembraram-se que Portugal ainda tem dois submarinos comprados por Paulo Portas, como o Arpão que só custa 24 milhões de assistência técnica em três anos…
Alarme: a Rússia pode vir aí pela Europa fora atacar Portugal!?
O devaneio da loucura parece, afinal, ter ainda uma outra razão mais prosaica: a corrida de todos às pedras raras, fundamentais às novas tecnologias. Afinal, a guerra continua a ser a política por outros meios!
