Jorge Costa

Jorge Costa

Dirigente do Bloco de Esquerda. Jornalista.

A decisão de reduzir a remuneração dos certificados de aforro é o último desaforo lançado pelo governo às pessoas que trabalham.

Este governo faz girar a porta entre política e negócios, alimenta o nepotismo e o facilitismo, bloqueia a fiscalização do governo pelo parlamento, festeja estatísticas que contrastam com a realidade da vida, chama os serviços secretos. É o deslumbramento do poder absoluto.

O governo sabe o que é necessário fazer, mas - tal como noutras áreas - a sua proximidade aos interesses privados afasta-o de soluções à altura das dificuldades. Só a força de uma ampla mobilização cidadã pode responder à última chamada de um SNS em estado grave.

Em vez de cortar nos lucros especulativos, o governo oferece 410 milhões de IVA aos supermercados e pede-lhes o favor de os descontarem nos preços. Sempre que Costa assina um acordo, sai uma borla nos impostos para o capital.

Quinze anos depois, os professores voltam a ser tratados como inimigos. De novo por uma maioria absoluta do PS, que agora apela à PGR contra a greve. No tempo de Maria de Lurdes Rodrigues, ouviu-se a voz de Manuel Alegre. E agora?

Um protesto de vendedeiras contra impostos abusivos desencadeou a revolta. Em março de 1903, durante uma semana, Coimbra esteve em estado de sítio. Os detratores chamaram-lhe “a Revolta do Grelo”. Mas também houve quem a compreendesse como uma greve geral, ensaio para maiores feitos futuros. Por Jorge Costa.

Se não saíssem, por alturas do natal, tantos artigos cheios de grandes lições do ano que termina, é provável que o novo ano se recusasse a entrar. A questão jamais se colocou, pois sábios balanços nunca faltam. Vou recordar apenas alguns.

Consumidores de pellets vão gastar mais 600 euros, em média, neste inverno. O mercado livre volta a atacar.

Enquanto abre as portas a privilegiados de todo o mundo, o governo despreza outros deslocados que nos batem à porta. Exemplar é o caso dos imigrantes timorenses que têm desembarcado em Lisboa, atraídos por redes de tráfico com as quais se endividam.

António Costa junta à sua passividade um problema crescente de credibilidade. Fala do "maior aumento de sempre das pensões", mas os reformados já perceberam que vão ficar mais pobres. O governo fala de redução da taxa de IVA da eletricidade mas ela aplica-se a menos de metade de uma fatura normal.