João Bernardo Narciso

Na era digital, os jogos online tornaram-se mais do que passatempos. Para muitos, os jogos e as comunidades que deles nascem são a principal fonte de interação humana. É por isso expectável que se apontem dedos aos videojogos quando falamos da radicalização dos jovens, em particular dos rapazes.

A autonomia e o controlo sobre as nossas interações sociais é constantemente ameaçada por mediadores digitais com um só objetivo: o lucro. Mas não tem de ser assim. Também no digital, é necessário juntar forças e idealizar realidades alternativas. É preciso desprivatizar a Internet.

A proposta do Bloco de um passe nacional por 9 euros tem recebido fortes apoios e algumas críticas. Respondo aqui a algumas.

Quer a tentativa de colagem ao centro do PSD, quer a negação do espectro político do PAN, não passam apenas de duas formas diferentes de fazer a mesma coisa: despolitizar e apelar ao senso comum.

À esquerda, as assimetrias de poder são centrais à critica do capitalismo. Para aprofundar a democracia, é necessário acabar com o poder do capital. Mas para a expandir, é preciso democratizar todas as estruturas sociais.

A ordem neoliberal vigente legitima-se vendendo um sonho. Um paraíso de liberdade plena, de luxo e de bem-estar material. Esta lógica do cada um por si vai-nos sendo forçada de várias formas, fazendo-se passar por algo desejável e atrativo, mascarando a sua verdadeira essência.

As recentes eleições autárquicas foram para muita gente o primeiro contacto com uma militância para lá das redes sociais. Importa refletir sobre a importância da presencialidade na intervenção política e o potencial que perdemos quando dela abdicamos.