Joana Mortágua

Joana Mortágua

Deputada e dirigente do Bloco de Esquerda, licenciada em relações internacionais.

Não faltam títulos sugestivos para a recente e acentuada queda de popularidade de Emmanuel Macron, o jupiteriano presidente francês.

A Lei que permite o acesso das secretas a metadados de comunicações e internet trata todos os cidadãos como suspeitos. Ao contrário do que disse o Presidente da República, é inconstitucional e não reúne “consenso jurídico”.

A lei diz ao imigrante que vá ao SEF pedir um favorzinho que acaba por ser decidido ao critério do inspetor ou do diretor para quem for despachado o processo.

Longe de contribuírem para qualquer melhoria no sucesso educativo, os rankings têm como única função estigmatizar as últimas escolas e criar uma corrida às primeiras.

Numa sentença cheia de referências políticas, hesitações e defensivas, faltaram as provas. Não é um pormenor quando se condena alguém a nove anos e meio de prisão.

Como todos os tabus com que não temos estômago para lidar coletivamente, o racismo institucional não é público o suficiente para que seja assumido como problema social. Mas existe.

Há cem anos que as principais fortunas do país sobrevivem à custa do privilégio e da proteção do Estado. O livre mercado é o melhor discurso, mas só na altura de privatizar.

Olhemos pelo ângulo que olhemos, o sucesso de Corbyn baseia-se num discurso antielites e de justiça social que atrai os mais jovens porque não lhes atira areia para os olhos: o mercado falhou-lhes.

O anterior Governo liberalizou o eucaliptal e o atual não mudou grande coisa. Faltou coragem para enfrentar interesses, lucros e lóbis.

Por mais extraordinárias que sejam as histórias, nunca conseguirei dissociar o seu protagonista, Alípio-mito, Alípio-herói, do homem que fazia feijoadas na rua de Beja.